O PENSAMENTO ACERCA DO INFERNO
É incrível quão querida se torna a glória de Deus para aqueles que continuamente a procuram. A busca já lhes dá novos sentidos pelos quais podem encontrá-la, ao passo que o amor diariamente crescente aguça perpetuamente seu discernimento. «A terra está plena de Vossa glória». Que alegria para um coração ardente de amor! Não basta que o Céu transborde e que a terra se encha com a bem-aventurada inundação de Sua glória. Nós de bom grado desejaríamos que não houvesse rincão na criação que não fosse repleto dela. Contudo, há um lugar onde esta glória parece frustrada, um lugar do qual não se eleva nenhuma planta da oração, nenhuma alegria da adoração, nenhum abençoado agradecimento, nenhuma aspiração do desejo. É a casa daqueles que foram julgados e foram condenados, e que por isso perderam Deus para sempre.
Ali está a graça que não deu fruto, ou cujos frutos apodreceram na árvore. Ali estão os sacramentos que foram em vão. Ali a cruz fracassou e os propósitos amorosos de Deus sofreram uma resistência bem sucedida e foram completamente vencidos. Ainda assim, é de fé que Deus colhe imensa glória dessa inexprimível escuridão, pois a alma perdida é um louvor involuntário à justiça de Deus, tanto quanto a alma convertida é um louvor ao Seu amor. Tampouco os interesses de Jesus são inexistentes ali; pois as dores, tão indescritíveis como são – ah! o mais breve pensamento delas é intolerável – são menores do que o mérito do pecado, menores do que a justeza da medida de punição, e assim o são por causa d’Ele. O precioso sangue, em certo sentido, se faz presente até mesmo ali. Tampouco aquele lugar horrível deixa de ter os mais abençoados resultados para a salvação de muitas almas, por meio do santo e salutar temor que alimenta nelas e da necessária correção das frouxas e distorcidas noções acerca de Deus por elas mantidas. Quando Nosso Senhor mostrou à Irmã Francisca do Santíssimo Sacramento, uma carmelita espanhola,[ 10 ] a perda de uma alma, e diversas vezes numa visão a compeliu a positivamente considerar as diferentes torturas daquele lugar, Ele a repreendeu por chorar: «Francisca! Por que choras?» Ela caiu prostrada aos Seus sagrados pés e disse: «Pela danação daquela alma, Senhor!.. e o modo em que ela se perdeu». Ele disse condescendente: «Filha! Ela escolheu se perder; Eu lhe proporcionei muitos auxílios da graça para que se salvasse, mas ela não aproveitou. Agrada-me vossa compaixão, mas prefiro que ames a minha justiça». Outra vez, quando ela foi compelida a fixar seu olhar sobre aquelas dores, os Anjos lhe disseram: «Ó Francisca, esforce-se sempre pelo santo temor de Deus!» Quem pode duvidar que milhares e dezenas de milhares que estão, neste momento, desfrutando as delícias no Céu, lá não estariam se não houvesse o Inferno. Ele é, infelizmente, uma repreensão aos corações insensíveis dos homens, mas afinal, a cruz de Cristo não tem tido melhor auxílio na terra que o insuportável fogo do Inferno.
Verdadeiramente é bom para nosso próprio bem que pensemos algumas vezes sobre aquele lugar horrível. Tal como a bela França se estende além do Canal,[ 11 ] tal como o sol brilha sobre brancos muros, frescas pontes, brilhantes jardins, palácios de muitos andares em sua belíssima capital, tal como milhares de homens e mulheres lá vivem vidas reais, cumprindo diferentes destinos, assim também há um lugar como o Inferno, todo cheio de vida neste exato momento, com numerosas almas sofrendo incontáveis agonias e inumeráveis gradações de desespero. Exceto a dos bem-aventurados no Céu, nenhuma vida é tão intensa e consciente quanto aquela de milhões de almas arruinadas. Não é impossível que rumemos para lá. Não é impossível que já tenhamos mandado alguém para lá. Quando andamos pelas ruas, vemos, não raro, aqueles que lá habitarão para sempre. Há alguns lá agora que lá não estavam uma hora atrás. Há alguns agora nos verdes campos, ou nas movimentadas cidades, em confortáveis camas, ou em ensolaradas praias, que na próxima hora, talvez, terão ido para lá. Esta é uma verdade extremamente real.
Mas, e se houver ainda mais verdades sobre isso? E se tiver havido um dia em que nós teríamos ido para lá se tivéssemos morrido? E se neste momento, lá estiverem meninos e meninas que pecaram muito menos que nós, ou ainda, que pecaram talvez uma só vez, enquanto nós temos pecado milhares de vezes? Oh, mas devemos nos humilhar ainda mais. Quanto tempo perseveraríamos no serviço de Deus se tivéssemos certeza que o Inferno não existia? Teríamos deixado nossos pecados, se não fosse pelo Inferno?[ 12 ]
Oh, que coisa boa é estar sobre esta boa terra, cercados por toda esta vida promissora, embora tenhamos realmente, por nossas próprias mãos e olhos, palavra, pensamento e diligente malícia, logrado o direito a esse infortúnio eterno. Ah! Tal como a névoa que surge do mar estéril – onde o milho não cresce e as videiras não dão frutos – que forma as nuvens que vão se desfazer em chuvas sobre vales e colinas, assim também daqueles amplos mares de fogo e maldição a compaixão divina surge como uma nuvem para derramar torrentes de graças sobre as almas dos homens que ainda vivem.
Que ninguém se afaste da visão do Inferno para que, pouco a pouco e por muito pouco, uma opinião positiva de si mesmo não cresça dentro de sua alma e o mande, por fim, para aquele sombrio exílio. Com efeito, é bom, muito bom, pensar sobre o Inferno, e nesta maravilha que é não estarmos lá neste exato momento. Não, não se assuste: o que você vê é, na verdade, a luz branca do sol que ilumina a terra. Nada tema: aquele som é o vento que agita os ramos das árvores. Seus olhos não o enganam: aqueles são os telhados das casas da cidade que estão dormindo envoltos na neblina, compondo um calmo cenário. Tudo está ainda bem. Estamos aqui e estamos livres; mas devíamos estar lá e ser escravos!
Mas se desistimos de buscar e encontrar a glória de Deus, e de fazer disto nossa única ocupação na terra, devemos descer ao Inferno e aprender a nos regozijarmos com os temíveis atributos de Deus que são satisfeitos com aquele terrível sacrifício? Não! Louvado seja Deus; isto não faz parte de nossa devoção. Somos criaturas de esperança e amor. Vamos aonde a glória de Deus nos é possível, aonde podemos ajudá-la e avançar seus interesses; ou se nos elevamos ao impossível, é apenas porque o amor nos conduziu à eloqüência silenciosa do desejo inocente e extravagante. Não temos nada a ver com o Inferno. Vimos que de nossas três coisas – a glória de Deus, os interesses de Jesus e a salvação das almas – as duas primeiras podem ser encontradas até mesmo lá. Mas não estão lá de formas que nos interessem, de modo que reflexões sobre o Inferno não são necessárias ao meu plano. É-nos suficiente saber que haja tal lugar, e que neste momento ele está repleto de almas, e que cada vez mais almas estão sendo carregadas para lá, e que suas apavorantes ocupações são o que são, e que não há ninguém dentre nós que não corra o risco, ou a quem não seja possível, de que aquele lugar seja nossa herança e destino para sempre. Aqueles que servem a Jesus por amor não esquecem tais coisas. Não, eles delas se lembram tão mais freqüentemente quanto mais O amam.
10 - Irmã Francisca do Santíssimo Sacramento (1561-1631), carmelita descalça de Pamplona, Espanha. Teve uma especial relação com as Santas Almas do Purgatório. Essa relação ficou especialmente conhecida graças à publicação de seus escritos, após a sua morte, pelo Bem-aventurado Juan de Palafox y Mendoza, famosíssimo prelado espanhol e muito vinculado à espiritualidade do Carmelo teresiano – NC.
11 Pe. Faber morava na Inglaterra e refere-se ao Canal da Mancha – NT.
12 Este é exatamente o fundamento da ação demoníaca para nos convencer da inexistência do Inferno – NT.
Faber, Padre William. O Purgatório . Editora Ecclesiae. Edição do Kindle.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
quarta-feira, 1 de julho de 2020
O PENSAMENTO ACERCA DO INFERNO

É incrível quão querida se torna a glória de Deus para aqueles que continuamente a procuram. A busca já lhes dá novos sentidos pelos quais podem encontrá-la, ao passo que o amor diariamente crescente aguça perpetuamente seu discernimento. «A terra está plena de Vossa glória». Que alegria para um coração ardente de amor! Não basta que o Céu transborde e que a terra se encha com a bem-aventurada inundação de Sua glória. Nós de bom grado desejaríamos que não houvesse rincão na criação que não fosse repleto dela. Contudo, há um lugar onde esta glória parece frustrada, um lugar do qual não se eleva nenhuma planta da oração, nenhuma alegria da adoração, nenhum abençoado agradecimento, nenhuma aspiração do desejo. É a casa daqueles que foram julgados e foram condenados, e que por isso perderam Deus para sempre.
Ali está a graça que não deu fruto, ou cujos frutos apodreceram na árvore. Ali estão os sacramentos que foram em vão. Ali a cruz fracassou e os propósitos amorosos de Deus sofreram uma resistência bem sucedida e foram completamente vencidos. Ainda assim, é de fé que Deus colhe imensa glória dessa inexprimível escuridão, pois a alma perdida é um louvor involuntário à justiça de Deus, tanto quanto a alma convertida é um louvor ao Seu amor. Tampouco os interesses de Jesus são inexistentes ali; pois as dores, tão indescritíveis como são – ah! o mais breve pensamento delas é intolerável – são menores do que o mérito do pecado, menores do que a justeza da medida de punição, e assim o são por causa d’Ele. O precioso sangue, em certo sentido, se faz presente até mesmo ali. Tampouco aquele lugar horrível deixa de ter os mais abençoados resultados para a salvação de muitas almas, por meio do santo e salutar temor que alimenta nelas e da necessária correção das frouxas e distorcidas noções acerca de Deus por elas mantidas. Quando Nosso Senhor mostrou à Irmã Francisca do Santíssimo Sacramento, uma carmelita espanhola,[ 10 ] a perda de uma alma, e diversas vezes numa visão a compeliu a positivamente considerar as diferentes torturas daquele lugar, Ele a repreendeu por chorar: «Francisca! Por que choras?» Ela caiu prostrada aos Seus sagrados pés e disse: «Pela danação daquela alma, Senhor!.. e o modo em que ela se perdeu». Ele disse condescendente: «Filha! Ela escolheu se perder; Eu lhe proporcionei muitos auxílios da graça para que se salvasse, mas ela não aproveitou. Agrada-me vossa compaixão, mas prefiro que ames a minha justiça». Outra vez, quando ela foi compelida a fixar seu olhar sobre aquelas dores, os Anjos lhe disseram: «Ó Francisca, esforce-se sempre pelo santo temor de Deus!» Quem pode duvidar que milhares e dezenas de milhares que estão, neste momento, desfrutando as delícias no Céu, lá não estariam se não houvesse o Inferno. Ele é, infelizmente, uma repreensão aos corações insensíveis dos homens, mas afinal, a cruz de Cristo não tem tido melhor auxílio na terra que o insuportável fogo do Inferno.
Verdadeiramente é bom para nosso próprio bem que pensemos algumas vezes sobre aquele lugar horrível. Tal como a bela França se estende além do Canal,[ 11 ] tal como o sol brilha sobre brancos muros, frescas pontes, brilhantes jardins, palácios de muitos andares em sua belíssima capital, tal como milhares de homens e mulheres lá vivem vidas reais, cumprindo diferentes destinos, assim também há um lugar como o Inferno, todo cheio de vida neste exato momento, com numerosas almas sofrendo incontáveis agonias e inumeráveis gradações de desespero. Exceto a dos bem-aventurados no Céu, nenhuma vida é tão intensa e consciente quanto aquela de milhões de almas arruinadas. Não é impossível que rumemos para lá. Não é impossível que já tenhamos mandado alguém para lá. Quando andamos pelas ruas, vemos, não raro, aqueles que lá habitarão para sempre. Há alguns lá agora que lá não estavam uma hora atrás. Há alguns agora nos verdes campos, ou nas movimentadas cidades, em confortáveis camas, ou em ensolaradas praias, que na próxima hora, talvez, terão ido para lá. Esta é uma verdade extremamente real.
Mas, e se houver ainda mais verdades sobre isso? E se tiver havido um dia em que nós teríamos ido para lá se tivéssemos morrido? E se neste momento, lá estiverem meninos e meninas que pecaram muito menos que nós, ou ainda, que pecaram talvez uma só vez, enquanto nós temos pecado milhares de vezes? Oh, mas devemos nos humilhar ainda mais. Quanto tempo perseveraríamos no serviço de Deus se tivéssemos certeza que o Inferno não existia? Teríamos deixado nossos pecados, se não fosse pelo Inferno?[ 12 ]
Oh, que coisa boa é estar sobre esta boa terra, cercados por toda esta vida promissora, embora tenhamos realmente, por nossas próprias mãos e olhos, palavra, pensamento e diligente malícia, logrado o direito a esse infortúnio eterno. Ah! Tal como a névoa que surge do mar estéril – onde o milho não cresce e as videiras não dão frutos – que forma as nuvens que vão se desfazer em chuvas sobre vales e colinas, assim também daqueles amplos mares de fogo e maldição a compaixão divina surge como uma nuvem para derramar torrentes de graças sobre as almas dos homens que ainda vivem.
Que ninguém se afaste da visão do Inferno para que, pouco a pouco e por muito pouco, uma opinião positiva de si mesmo não cresça dentro de sua alma e o mande, por fim, para aquele sombrio exílio. Com efeito, é bom, muito bom, pensar sobre o Inferno, e nesta maravilha que é não estarmos lá neste exato momento. Não, não se assuste: o que você vê é, na verdade, a luz branca do sol que ilumina a terra. Nada tema: aquele som é o vento que agita os ramos das árvores. Seus olhos não o enganam: aqueles são os telhados das casas da cidade que estão dormindo envoltos na neblina, compondo um calmo cenário. Tudo está ainda bem. Estamos aqui e estamos livres; mas devíamos estar lá e ser escravos!
Mas se desistimos de buscar e encontrar a glória de Deus, e de fazer disto nossa única ocupação na terra, devemos descer ao Inferno e aprender a nos regozijarmos com os temíveis atributos de Deus que são satisfeitos com aquele terrível sacrifício? Não! Louvado seja Deus; isto não faz parte de nossa devoção. Somos criaturas de esperança e amor. Vamos aonde a glória de Deus nos é possível, aonde podemos ajudá-la e avançar seus interesses; ou se nos elevamos ao impossível, é apenas porque o amor nos conduziu à eloqüência silenciosa do desejo inocente e extravagante. Não temos nada a ver com o Inferno. Vimos que de nossas três coisas – a glória de Deus, os interesses de Jesus e a salvação das almas – as duas primeiras podem ser encontradas até mesmo lá. Mas não estão lá de formas que nos interessem, de modo que reflexões sobre o Inferno não são necessárias ao meu plano. É-nos suficiente saber que haja tal lugar, e que neste momento ele está repleto de almas, e que cada vez mais almas estão sendo carregadas para lá, e que suas apavorantes ocupações são o que são, e que não há ninguém dentre nós que não corra o risco, ou a quem não seja possível, de que aquele lugar seja nossa herança e destino para sempre. Aqueles que servem a Jesus por amor não esquecem tais coisas. Não, eles delas se lembram tão mais freqüentemente quanto mais O amam.
10 - Irmã Francisca do Santíssimo Sacramento (1561-1631), carmelita descalça de Pamplona, Espanha. Teve uma especial relação com as Santas Almas do Purgatório. Essa relação ficou especialmente conhecida graças à publicação de seus escritos, após a sua morte, pelo Bem-aventurado Juan de Palafox y Mendoza, famosíssimo prelado espanhol e muito vinculado à espiritualidade do Carmelo teresiano – NC.
11 Pe. Faber morava na Inglaterra e refere-se ao Canal da Mancha – NT.
12 Este é exatamente o fundamento da ação demoníaca para nos convencer da inexistência do Inferno – NT.
Faber, Padre William. O Purgatório . Editora Ecclesiae. Edição do Kindle.
sábado, 20 de junho de 2020
sexta-feira, 19 de junho de 2020
quinta-feira, 18 de junho de 2020
quarta-feira, 17 de junho de 2020
terça-feira, 16 de junho de 2020
domingo, 14 de junho de 2020
sábado, 13 de junho de 2020
Responso de Santo Antonio

Quem milagres quer achar,
Contra os males e o demônio,
Busque logo a Santo Antõnio.
Que aí os há de encontrar.
sexta-feira, 12 de junho de 2020
13 de junho dia de Santo Antônio de Pádua

Com o bem-aventurado Antônio de Pádua, experimenta-se a necessidade de resumir as impressões
por ela causadas, e gravar os traços mais salientes que formam o quadro de um dos
santos mais cativantes da idade-média, um dos maiores taumaturgos de seu século. Ele
foi ao mesmo tempo um fiel imitador das virtudes de Jesus Cristo: aqui é que nós
devemos estudá-lo e seguí-lo.
quinta-feira, 2 de janeiro de 2020
O Cortejo do Menino Jesus
Hoje a Santa Igreja festeja o Santíssimo Nome de Jesus e adora a Jesus Menino nos braços de Maria. O nome de Jesus! Bálsamo suave para as feridas de nossos corações! Quando nas horas de dor nos sentirmos levados a murmurar e à irritação, digamos muitas vezes, até que passe a tempestade e se acalme nosso espírito:
“Jesus! Jesus! Meu doce Jesus!”
terça-feira, 31 de dezembro de 2019
A Natureza da Devoção
Capítulo I
Aspiras à devoção, Filotéia, porque a fé te ensina ser esta uma virtude sumamente agradável à Majestade Divina. Mas, como os pequenos erros em que se cai ao iniciar uma empresa vão crescendo à medida que se progride e ao fim já se avultam de um modo quase irremediável, torna-se absolutamente necessário que, antes de tudo, procures saber o que seja a devoção.
Mais um Ano!
Sem a cruz não podemos viver. Sem ela não nos salvaremos. Nosso Senhor disse:
“Quem não recebe a minha cruz e não me segue não é digno de mim” (1)
Nosso Divino Rei Crucificado abriu-nos a estrada real da santa cruz, a única que vai dar ao Céu. Como custa, Senhor, carregar o fardo tão pesado das amarguras da vida! Bem dizia Jó:
“A vida do homem na terra é um combate”
terça-feira, 15 de outubro de 2019
Péssima Hospedaria!

Um dia Nosso Senhor disse a Santa Teresa:
“Considera minha viela cheia de sofrimentos e persuade-te de que aquele que é mais amado de meu Pai é também o que recebe mais cruzes; a medida do seu amor é também a medida do sofrimento que Ele envia. Em que poderia Eu melhor testemunhar-te minha predileção do que desejando para os que amo o que desejei para mim?”
quarta-feira, 2 de outubro de 2019
A Trilha de Santa Terezinha

A Trilha de Santa Terezinha
Por Antonin Eymieu, S. J.
Traduzido do Francês e editado pelo Pe. Pascoal Lacroix (1935)
Aniversários de Santa Teresinha
Acontecimento | Data |
---|---|
Nascimento | 2 de janeiro de 1873 |
Batismo | 4 de janeiro de 1873 |
Primeira Comunhão | 8 de maio de 1884 |
Confirmação (Crisma) | 14 de junho de 1884 |
Entrada no Carmelo | 9 de abril de 1888 |
Profissão Religiosa | 8 de set. de 1890 |
Morte | 30 de set. de 18 |
Beatificação | 29 de abril de 1923 |
Canonização | 17 de maio de 1925 |
Novena das Rosas
O Rev. Padre Putigan, S. J., no dia 3 de Dezembro de 1925, iniciou uma novena em honra de Santa Teresinha do Menino Jesus, pedindo a milagrosa Santinha uma graça importante. Nesta intenção começou a rezar, durante a novena, 24 Gloria Patri, em ação de graças à Santíssima Trindade, pelos favores e graças concedidos a Santa Teresinha do Menino Jesus, durante os 24 anos de sua existência terrena. Pediu o padre a Teresinha que lhe desse um sinal que a novena era ouvida, e este sinal seria receber ele de alguém, uma rosa fresca e desabrochada. No terceiro dia da novena, pessoa amiga procura o Padre Putigan e lhe oferece uma linda rosa vermelha.
No dia 24 de Dezembro do mesmo ano, o padre começou segunda novena e pediu, agora, como sinal, uma rosa branca. No quarto dia de novena, uma Irmã, enfermeira do hospital, lhe trouxe linda rosa branca, dizendo: Aqui está uma rosa, que Santa Teresinha envia a V. Revma.
Surpreendido pergunta o Padre:
Surpreendido pergunta o Padre:
— Donde vem esta rosa?
— Fui à Capela, onde se acha adornada a bela imagem de Santa Teresinha, diz a freira. Ao aproximar-me do altar da Santinha, caiu-me aos pés esta rosa. Quis colocá-la, de novo, na jarra, mas, lembrei-me de trazê-la a V. Revma.
— Fui à Capela, onde se acha adornada a bela imagem de Santa Teresinha, diz a freira. Ao aproximar-me do altar da Santinha, caiu-me aos pés esta rosa. Quis colocá-la, de novo, na jarra, mas, lembrei-me de trazê-la a V. Revma.
O Padre Putigan alcançara as graças pedidas na novena e resolveu propagá-la, formando uma cruzada de orações em honra de Santa Teresinha.
Assim, do dia 9 a 17 de cada mês, todas as pessoas que desejarem fazer a novena dos 24 Gloria Patri unem as suas intenções as das pessoas que, na mesma época, fazem a dita novena, e se forma desta maneira uma bela comunhão de orações.
Assim, do dia 9 a 17 de cada mês, todas as pessoas que desejarem fazer a novena dos 24 Gloria Patri unem as suas intenções as das pessoas que, na mesma época, fazem a dita novena, e se forma desta maneira uma bela comunhão de orações.
II - Oração

Ó meu Jesus, para que a minha vida seja um ato de contínuo e perfeito amor, ofereço-me como vítima de holocausto ao Vosso amor misericordioso, suplicando-vos que me consumais inteiramente, deixando transbordar na minha alma a infinita abundância de ternura encerrada no Vosso Coração. Fazei de mim, ó meu Deus, a mártir do Vosso amor. Quero, ó meu único e doce Amor, que cada palpitação do meu coração vos renove infinitas vezes este meu oferecimento. Ofereço-Vos, enfim, o amor, e os merecimentos da Santíssima Virgem, minha terna Mãe; nas suas mãos virginais deponho este meu oferecimento, para que ela vo-lo apresente. Amém.
I - Oração

Ó bem aventurada Teresinha, venho aos vossos pés cheio de confiança pedir-vos alguns favores. A cruz da vida pesa-me muito, e só encontro espinhos entre os seus braços. Florzinha de Jesus, enviai à minha alma uma chuva de rosas de graça e de virtude, para que eu possa subir ao Calvário da vida inebriado com seus perfumes. Ó esposa de Jesus, com um sorriso de vossos lábios angélicos e com um olhar de vossos olhos tão castos, movei o Coração do vosso divino Esposo a conceder-me a graça que tanto desejo.
Meu Deus, por intercessão de Santa Teresinha, dai-me forças para cumprir fielmente os meus deveres. Dignai-vos, outrossim, conceder-me as graças que ela vos pedir para mim nesta novena.
Oração à Santa Teresinha do Menino Jesus pelo Clero

Almas, Senhor, precisamos de almas, principalmente, almas de apóstolos e de mártires, para que, por elas, abrasemos de vosso amor à multidão dos pobres pecadores”
Ó angélica e mimosa florzinha do Carmelo! Foi essa a mais ardente súplica do vosso coração ao Coração de vosso Deus. O grito de Jesus moribundo: eu tenho sede! Ressoava a cada instante, em vosso peito. Tínheis a sede ardente de almas, e quisestes, a todo custo, arrancar das chamas eternas os pecadores. Ouvi, pois, as súplicas ardentes que vos fazemos pelo nosso clero e por aqueles que aspiram ao ministério sublime da salvação das almas.
Conclusões

Dessa promessa, podemos ser os beneficiários.
Ninguém é excluído. Ela é denominada a “flor da França”. Flor primorosa, desabrochada em plena seiva, esplendorosa de alvura e rica de perfume. Semelhante, porém, à flor que espalha o seu odor não só pelo canteiro onde tomou raiz, mas por toda a vizinhança e até ao longe. Tanto que a graciosa santinha espalhou o seu perfume pelo mundo inteiro, atraindo à sua veneração todo o universo católico, sem distinção de raças nem de nacionalidades. E sobre todos tem derramado e derramará a sua chuva de rosas.
As previsões de Teresinha do Menino Jesus

Coisa estranha! Essa glória, mesmo a da terra, a humilde carmelita previra-a.
Revelação precisa? Não creio. Antes, parece, intuição duma alma profunda e atenta, confirmada por motivos sobrenaturais. A humildade não exclui a verdade nem a gratidão. Pelo contrário. Se deixa a Deus toda a glória, porque Ele a merece e reclama, reconhece e proclama os dons recebidos:
“Sou pequena demais, dizia Teresinha semanas antes da sua morte, para ter vaidade. Sou pequenina demais ainda para saber tornear belas frases, afim de deixar crer que tenho muita humildade. Prefiro convir singelamente que o Todo-Poderoso fez em mim grandes coisas”
A Trilha Triunfal
O Tufão de Glória
Uma menina, salientou alguém, que larga a sua boneca para entrar no Carmelo, que morre aos 24 anos e é mais celebre no universo do que jamais o foi Napoleão: eis aí Teresa de Lisieux.
Consummatum est

Diariamente, desde muito, Teresinha pedira na oração que o seu martírio de amor, “depois de havê-la preparado para comparecer perante Deus, a fizesse enfim morrer”.
Nisso também foi atendida.
Extenuada pela moléstia, não pôde fazer, sem socorro, o mais leve movimento. Ouvir falar, mesmo em voz baixa, é-lhe um suplício. A febre e a opressão lhe não permitem articular uma só palavra sem a mais extrema fadiga. O médico repete a cada visita:
“As Sras. não imaginam o que ela atura!”
A subida do Calvário

No dia da profissão, trazia ela ao seio um bilhete com esta prece:
“Jesus, morra eu mártir por Vós! Dai-me o martírio do coração ou do corpo. Ah! Antes, dai-me ambos!”
A Trilha Real

O Amor
Se a “pequena trilha” de Teresinha se continua pela trilha heroica, esta entronca-se com a trilha real, a trilha onde passa, sob o lábaro do Rei — vexilla Regis — o amor crucificado.
A santidade, dizia Tomás de Aquino, é um ato de amor de Deus moralmente contínuo. Tal era também a opinião de Santa Teresinha:
“Desejais um meio para chegar à perfeição, só conheço um único: o amor”
A Prática

Nesse quadro da vida comum Teresinha colocou, já o sabemos, o fundamento da humildade. E a humildade, no grau a que a levava, é heroísmo.
Se duvidais, fazei a experiência. Nada vos impede. Podeis sempre conseguir tomar o último lugar e conservá-lo. Há tão poucos que o disputarão! Não é contra os outros que tereis de lutar, mas contra ti mesmo. E para vencer a ponto de aceitar, de procurar a humilhação, o esquecimento, vereis bem que o heroísmo não é por demais.
É ele também preciso para fazer grandemente, na extensão do dia, as pequenas coisas.
A Trilha Heroica

A Teoria
Sine me, nihil; omnia possum in eo qui me confortat: Sem Deus, nada posso; com Ele, posso tudo. Em outros termos, a desconfiança de si, a confiança em Deus: tais são os dois polos da vida cristã. Tal é também a “pequena trilha” de Teresa de Lisieux.
E “pequena” neste sentido que é acessível a todos, mesmo aos mais pequenos; que não requer nem grandes ocasiões, nem grandes obras; mas é só segui-la com magnânimo coração, para que conduza longe, até à santidade. “Nisso está o segredo da santidade”, declaram os papas. Ora, a santidade é uma forma, e a mais alta, do heroísmo. A “pequena trilha” é, pois, para os que o querem, a trilha heroica.
O que não é a Pequena Trilha

Não vamos crer que essa “pequena trilha” só convenha às pequenas virtudes, nem que essa “santa infância” seja mera criancice se os Papas a aconselham a todos, se veem nela, para os mais fervorosos, o segredo da santidade, há de ser coisa séria; segundo a palavra de Pio XI, que “essa simplicidade infantil só tenha de infantil o nome”.
De fato, era a íntima opinião de Teresinha. Durante a sua moléstia, as irmãs que lhe exprimiam a sua inquietação, manifestava:
“Deixem agir Papai, o bom Deus, Ele bem sabe o que é preciso ao seu pequenino bebê!” — “Você é então bebê?”
A Pequena Trilha
A Pequena Trilha
Teresa de Lisieux, dizia Pio XI, abriu uma senda nova, a “pequena trilha”, accessível a todos e que leva até à santidade.
Em que consiste essa Pequena Trilha
Santa Teresinha nos vai dizer: Teve ela sempre o grande desejo de chegar à santidade, vendo embora a incomensurável distância que a separava de todos os Santos. Em vez de desanimar, dizia consigo:
“O bom Deus não poderia inspirar desejos irrealizáveis; posso, pois, apesar da minha pequenez, aspirar à santidade. Fazer-me maior é impossível, devo-me suportar tal qual sou, com as minhas imperfeições sem número; mas quero achar o meio de ir para o céu por uma pequena trilha bem reta, bem curta, uma pequena trilha inteiramente nova”
segunda-feira, 30 de setembro de 2019
Cântico À Santa Teresinha do Menino Jesus

Glória a Deus neste dia tão belo!
Honra e glória a Jesus Salvador,
E a florzinha gentil do Carmelo,
Revestida de novo esplendor.Derramai vossas chuvas de rosas,
Teresinha da Pátria do amor,
Sobre a Igreja e almas ansiosas,
Que a vós clamam com todo o fervor.Ó Teresa de Cristo menino,
Que na terra, em tão curto viver,
Espalhastes perfume divino!
Ah! Do céu fazei graças chover.A inocência vos segue, ó Teresa,
No caminho da paz e do amor.
Toda a Igreja vos fia essa empresa,
Essa glória vos deu o Senhor.Os arautos de Cristo, sagrados,
Abençoai nas longínquas regiões!
Ah! Tornai-os zelosos soldados,
Confortai-os nas santas legiões!Cantai, jovens, um hino de glória
À Florzinha gentil de Jesus,
Para que ela vos dê a Vitória,
Que ela é o guia que ao céu vos conduz.Como esposa de Cristo, no exílio,
Vós passastes fazendo só bem.
E no céu vós prestais vosso auxílio,
Vossas rosas lançando também!
quinta-feira, 19 de setembro de 2019
Com Jesus no Deserto

A vida espiritual, após as consolações dos primeiros dias, transforma-se, às vezes, num deserto árido. Desaparece o amor sensível. É uma provação e das mais angustiosas. A Divina Providência nos prepara o Purgatório doce do Amor aqui na terra, nas trevas e no deserto. Santa Teresinha amou a Jesus, desinteressadamente, neste deserto. Ela só queria Jesus. Era o amor levado ao heroísmo.
terça-feira, 17 de setembro de 2019
A cada momento nos aproximamos da Morte

É certo que fomos todos condenados à morte. Todos nascemos com a corda ao pescoço, e a cada passo que damos, aproximamo-nos mais do patíbulo. Que loucura, pois, a nossa, sabermos que havemos de morrer, crermos que do momento da morte depende uma eternidade de gozos ou de penas, e não pensarmos no ajuste das contas e nos meios para ter uma boa morte! Compadecemo-nos dos que morrem subitamente. Porque é, pois, que nos expomos ao risco de nos suceder a mesma desgraça? Quem sabe se este ano não é o último da nossa vida?… Quem sabe se ainda amanheceremos?
segunda-feira, 16 de setembro de 2019
Da Mortificação Interior

É certo que as paixões, dirigidas segundo a razão e a prudência, não somente não causam prejuízo, senão antes trazem proveito à alma. Ao contrário, não sendo bem dirigidas causam ruínas irreparáveis porque escurecem o espírito e não permitem ver nem o bem nem o mal. Eis porque os mestres da vida espiritual recomendam tanto a mortificação interior. Se não quisermos ser dominados pelas nossas paixões, indaguemos qual seja a nossa paixão dominante e esforcemo-nos para a subjugar, lembrando-nos, porém, de que o melhor meio para sermos bem sucedidos é a oração.
domingo, 15 de setembro de 2019
Os Dois senhores e as Almas Tíbias

As almas tíbias parecem que querem servir ao mesmo tempo a Deus e ao mundo; a Deus, preservando-se de culpas graves; ao mundo, não fazendo caso das culpas veniais deliberadas. Escutem, porém, estas pobres iludidas, o que diz Jesus Cristo no Evangelho de hoje: “Ninguém pode servir a dois senhores: porque, ou há de amar um e odiar o outro, ou se apagar a um e abandonar o outro”. É como que dizer que cedo ou tarde acabará por cair em culpas graves. Além disso, o desgraçado levará vida infeliz; porque ficará privado tanto dos prazeres do mundo como das consolações celestiais.
sábado, 14 de setembro de 2019
Maria Santíssima alcança a perseverança para seus devotos

Se é verdade que todas as graças passam pelas mãos de Maria, também será certo que só por meio de Maria poderemos esperar e conseguir a graça suprema da perseverança final. Se nos quisermos salvar, sejamos devotos desta querida Mãe; recorramos a ela em todas as nossas necessidades; e quando os demônios nos vierem tentar, como os pintainhos ao ver no ar o milhafre, vamo-nos meter debaixo do seu manto. Mas ai de nós, se resfriarmos nesta devoção! Porquanto, assim como é impossível que se condene um verdadeiro devoto da Virgem, assim é igualmente impossível que se salve o que não for protegido por ela.
sexta-feira, 13 de setembro de 2019
Coração aflito de Jesus, consolado pelo zelo das almas
A causa única da aflição do Coração de Jesus é a perdição das almas que o ultrajam em vez de o amar: por conseguinte, a consolação que Ele requer, é que procuremos ganhar-Lhe as almas. Esforcemo-nos, pois, por consolar este Coração amabilíssimo; e se mais não pudermos fazer, roguemos-Lhe que envie à sua Igreja ministros zelosos. Roguemos-Lhe muitas vezes pelos pobres pecadores, em particular pelos que estão em agonia e têm de morrer hoje. Ensinemos tão salutar devoção também aos outros.
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