Com o bem-aventurado Antônio de Pádua, experimenta-se a necessidade de resumir as impressões
por ela causadas, e gravar os traços mais salientes que formam o quadro de um dos
santos mais cativantes da idade-média, um dos maiores taumaturgos de seu século. Ele
foi ao mesmo tempo um fiel imitador das virtudes de Jesus Cristo: aqui é que nós
devemos estudá-lo e seguí-lo.
A humildade foi uma das virtudes principais de Santo Antônio; a despeito do lustre
de seu nascimento, da beleza de seu gênio, e de outros sinais de sua predestinação a
grandes coisas, ele se julgou sempre pequeno. Teve só uma ambição, a de passar
desconhecido na terra.
Santo Antônio não desdenhou a ciência humana, pois que a possuía num grau
eminente; porém não se inebriou com as fumaradas de orgulho que dela saem. Enquanto
pôde, ocultou-a: quando foi obrigado a produzi-la, correu a pô-la aos pés de Jesus
Cristo, subordinando-a à fé de que ela é a serva. Era maravilhosamente dotado para a
ação; fazia da oração as suas delícias. Sabia que Deus é a fonte da vida verdadeira. Nós
somos os filhos de uma época febril, que tem pressa de produzir porque está impaciente
por gozar.
Santo Antônio nos ensina a desconfiarmos da atividade devoradora de nossa
geração. O espírito de oração não é a característica do nosso cristianismo. As obras
exteriores nos quadram mais ao temperamento: elas nos seduzem pela beleza dos
resultados, e talvez também porque, nos levam para fora de nós mesmos.
Santo Antônio sabia unir a brandura e a força; havia nele algo do cordeiro e do
leão. Era brando com os pequenos deste mundo, meigo com os meninos que acariciava,
com os pobres que consolava, e com os pecadores que convertia. Era terrível para com
os poderosos, a quem exprobrava em face o abuso que faziam de sua autoridade,
anunciando-lhes as responsabilidades que assumiam diante da história e perante Deus.
Tinha um vivo sentimento da justiça: foi em toda a parte seu intrépido campeão. Não
entendia de outro modo a obediência que todo o homem deve aos poderes legítimos. Ele
é assim a prova de que um grande caráter se alia muito bem com a santidade
É isto a suma das virtudes de Santo Antônio.
Por mim, julgar-me-ia feliz, se depois de ter como que vivido assim na intimidade
de Santo Antônio pudesse imprimi-lo como um selo em meu coração e em minhas mãos,
a fim de que meu coração o ame, e as minhas mãos o imitem.
No fim de um dos hinos de sua antiga liturgia, lê-se esta bela invocação: "Bemaventurado Antônio, concedei aos vossos fiéis servos, aos que nunca deixarão de louvar
as vossas virtudes e bendizer a vossa glória, a paz do Senhor no tempo e na eternidade!"
Retirado do livro História de Santo Antônio de Pádua, pelo Padre Antônio. Traduzido por Mons. Dr. J. Basílio Pereira/
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