“Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração. E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus“
(2 Coríntios 3,3-5)
DA CONFIANÇA EM DEUS
Ainda que a própria desconfiança seja tão necessária neste Combate, como vimos; contudo, se só dela temos por defesa, seremos em breve forçados a nos pôr em fuga ou a nos tomar como vencidos e desarmados pelo inimigo. Daí vem que além da desconfiança de nós mesmos, necessitamos da total confiança em Deus, d'Ele só e n'Ele só esperarmos todo o bem, todo o socorro e as graças que asseguram a vitória. (cf. Sl 60,11-12 ; 2Co 1,9 )
“Ponde vossa confiança no Senhor e estareis seguros;”
Como é verdade que de nós, que somos nada, não podemos prometer outra coisa além de misérias e ruínas, donde devemos desconfiar totalmente de nossas forças; também é certo que o Senhor nos fará vencer nossos inimigos se, para alcançar seus santos auxílios, fortalecermos o nosso coração de uma viva confiança n'Ele (cf. Ro 10,11 ; 1Pe 5,5-11). E nós temos quatro meios de alcançar esta virtude.
O primeiro meio: pedindo a Deus. (cf. Ro 8,26 ; 1Jo 5,14)
O segundo meio: considerando e vendo com os olhos da fé a Onipotência e Sabedoria infinita de sua Divina Majestade, a quem nada é impossível ou dificultoso; sendo sua bondade sem limitação, seu inefável amor disposto a dar-nos de hora em hora, de momento em momento, toda a ajuda que precisamos para viver a vida espiritual e superarmos a nós mesmos. E a única coisa que Ele nos pede é que nos joguemos com total confiança nos braços de sua misericórdia. (cf. 1Jo 4,16 ; 2Tm 1,7 ; Mt 19,26)
E como será possível que o nosso divino Pastor, que, por trinta e três anos, correu atrás da ovelha perdida com gritos tão fortes e por caminho tão trabalhoso e espinhoso, que nele derramou todo o seu sangue e perdeu até mesmo a vida; agora que a ovelha corre atrás Dele com a obediência de seus santos mandamentos, ou pelo menos com o desejo (ainda que às vezes fraco, mas sincero) de lhe obedecer, chamando-o e puxando por Ele; como será possível, digo, que Ele não a veja com aqueles seus olhos de vida? Não a ouça, e não a ponha sobre os seus ombros divinos, festejando-a com todos os seus vizinhos e com os Anjos de sua glória? (cf. Mt 15,24-25 ; Ez 34,16 ; Lc 15,4-6)
Que, se não deixa o nosso misericordioso Senhor de buscar com grande amor e cuidado, e de achar na Drama do Evangelho o pecador cego e mudo, como será possível que largue aquele, que como ovelha perdida, brada e grita ao seu Pastor. (cf. Jo 9,1-7 ; Lc 11,14)
E quem poderá crer, que Deus, o qual bate sem cessar a porta de nosso coração com o desejo imenso de entrar e de cear nele, comunicando-lhe largamente seus dons; pode se fazer de desentendido, surdo e não queira entrar a esse coração que se abre e implora a sua visita?
O terceiro meio de adquirir esta salutar confiança: recorrer com a memória às verdades da Sagrada Escritura, que em mil lugares nos mostra claramente, que não ficou jamais confundido quem confiou em Deus. (cf. Ro 10,11 ; Fp 1,20 ; 1Pe 2,6)
O quarto modo, que servirá juntamente para adquirir a desconfiança de nós mesmos e a confiança em Deus, é o seguinte: não formemos nenhum projeto e nem tomemos nenhuma resolução dos quais não tenhamos antes considerado nossa fraqueza; munidos então de uma sábia desconfiança de nós mesmos, viremos nosso olhar para o poder, a sabedoria e a bondade de Deus e, cheios de confiança Nele, tomemos a resolução de agir e de combater generosamente; com estas armas unidas a oração (como diremos mais tarde) vamos obrar e combater. (cf. 2Co 12,9 ; 2Co 13,4 ; Ro 6,19)
Se não guardamos esta ordem, corremos grande risco de nos enganarmos, mesmo quando tudo parece nos indicar que a confiança em Deus é o princípio de nossas ações. Porque é tão natural ao homem a presunção de si mesmo, e esta é tão sutil, que permeia o nosso entendimento em nosso coração e se mistura imperceptivelmente na desconfiança de nós mesmos e na confiança que temos em Deus.
Estejamos pois, o quanto possível em guarda contra à presunção e, para estabelecer nossas obras sobre essas duas virtudes opostas a esse vício, tomando cuidado de que a consideração de nossa fraqueza vá sempre adiante da consideração da Onipotência de Deus, e ambas estas precedam as nossas ações. (cf. 2Co 10,18 ; Pv 28,26 ; 1Jo 2, 16)
Ainda que a própria desconfiança seja tão necessária neste Combate, como vimos; contudo, se só dela temos por defesa, seremos em breve forçados a nos pôr em fuga ou a nos tomar como vencidos e desarmados pelo inimigo. Daí vem que além da desconfiança de nós mesmos, necessitamos da total confiança em Deus, d'Ele só e n'Ele só esperarmos todo o bem, todo o socorro e as graças que asseguram a vitória. (cf. Sl 60,11-12 ; 2Co 1,9 )
“Ponde vossa confiança no Senhor e estareis seguros;”
Como é verdade que de nós, que somos nada, não podemos prometer outra coisa além de misérias e ruínas, donde devemos desconfiar totalmente de nossas forças; também é certo que o Senhor nos fará vencer nossos inimigos se, para alcançar seus santos auxílios, fortalecermos o nosso coração de uma viva confiança n'Ele (cf. Ro 10,11 ; 1Pe 5,5-11). E nós temos quatro meios de alcançar esta virtude.
O primeiro meio: pedindo a Deus. (cf. Ro 8,26 ; 1Jo 5,14)
O segundo meio: considerando e vendo com os olhos da fé a Onipotência e Sabedoria infinita de sua Divina Majestade, a quem nada é impossível ou dificultoso; sendo sua bondade sem limitação, seu inefável amor disposto a dar-nos de hora em hora, de momento em momento, toda a ajuda que precisamos para viver a vida espiritual e superarmos a nós mesmos. E a única coisa que Ele nos pede é que nos joguemos com total confiança nos braços de sua misericórdia. (cf. 1Jo 4,16 ; 2Tm 1,7 ; Mt 19,26)
E como será possível que o nosso divino Pastor, que, por trinta e três anos, correu atrás da ovelha perdida com gritos tão fortes e por caminho tão trabalhoso e espinhoso, que nele derramou todo o seu sangue e perdeu até mesmo a vida; agora que a ovelha corre atrás Dele com a obediência de seus santos mandamentos, ou pelo menos com o desejo (ainda que às vezes fraco, mas sincero) de lhe obedecer, chamando-o e puxando por Ele; como será possível, digo, que Ele não a veja com aqueles seus olhos de vida? Não a ouça, e não a ponha sobre os seus ombros divinos, festejando-a com todos os seus vizinhos e com os Anjos de sua glória? (cf. Mt 15,24-25 ; Ez 34,16 ; Lc 15,4-6)
Que, se não deixa o nosso misericordioso Senhor de buscar com grande amor e cuidado, e de achar na Drama do Evangelho o pecador cego e mudo, como será possível que largue aquele, que como ovelha perdida, brada e grita ao seu Pastor. (cf. Jo 9,1-7 ; Lc 11,14)
E quem poderá crer, que Deus, o qual bate sem cessar a porta de nosso coração com o desejo imenso de entrar e de cear nele, comunicando-lhe largamente seus dons; pode se fazer de desentendido, surdo e não queira entrar a esse coração que se abre e implora a sua visita?
O terceiro meio de adquirir esta salutar confiança: recorrer com a memória às verdades da Sagrada Escritura, que em mil lugares nos mostra claramente, que não ficou jamais confundido quem confiou em Deus. (cf. Ro 10,11 ; Fp 1,20 ; 1Pe 2,6)
O quarto modo, que servirá juntamente para adquirir a desconfiança de nós mesmos e a confiança em Deus, é o seguinte: não formemos nenhum projeto e nem tomemos nenhuma resolução dos quais não tenhamos antes considerado nossa fraqueza; munidos então de uma sábia desconfiança de nós mesmos, viremos nosso olhar para o poder, a sabedoria e a bondade de Deus e, cheios de confiança Nele, tomemos a resolução de agir e de combater generosamente; com estas armas unidas a oração (como diremos mais tarde) vamos obrar e combater. (cf. 2Co 12,9 ; 2Co 13,4 ; Ro 6,19)
Se não guardamos esta ordem, corremos grande risco de nos enganarmos, mesmo quando tudo parece nos indicar que a confiança em Deus é o princípio de nossas ações. Porque é tão natural ao homem a presunção de si mesmo, e esta é tão sutil, que permeia o nosso entendimento em nosso coração e se mistura imperceptivelmente na desconfiança de nós mesmos e na confiança que temos em Deus.
Estejamos pois, o quanto possível em guarda contra à presunção e, para estabelecer nossas obras sobre essas duas virtudes opostas a esse vício, tomando cuidado de que a consideração de nossa fraqueza vá sempre adiante da consideração da Onipotência de Deus, e ambas estas precedam as nossas ações. (cf. 2Co 10,18 ; Pv 28,26 ; 1Jo 2, 16)
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