quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Sobre a violência do fogo

I. Para formarmos alguma ideia da violência do fogo do purgatório, figuremos, conforme a expressão da Escritura, Deus nosso Senhor reunindo tudo o que no universo há de males, e extraindo deles a essência e o espírito, que lhe serve para acender a fornalha daquele lugar de sofrimento. Podereis acaso imaginar coisa mais viva e Terrível que tal incêndio ? Ora, o profeta chama ao fogo do purgatório : "espírito de calor devorador", espírito, que, com inexprimível atividade, penetra, não já os corpos, mas as almas dos defuntos, até ao lugar mais íntimo da faculdade de sentir ; e que coração haverá tão duro que se não compadeça das dores de um tal suplício?

11. Consideremos mais que este fogo não produz, nas almas que o sofrem,a sensação de um padecer único; mas todos quantos gêneros de tortura há no universo se encontram juntos no que elas suportam. Qualquer que seja a variedade da sua natureza, a diferença do seu princípio, a diversidade das suas obras, por operação prodigiosa da justiça. unem-se, amalgamam-se e conspiram todos para castigar as almas do purgatório. Assim o frio e o calor, a fome e a sede, a prostração e a atividade, as trevas e a própria luz, tudo é suportado ao mesmo tempo pelo efeito de um mesmo fogo e forma o contínuo martírio de cada alma. Incompreensíveis sofrimentos oculta ele em si

III. Depois disto compreenderemos facilmente o que dizem os Santos Padres do fogo do purgatório, é incomparavelmente mais cruel que todas as penas que podem causar a fraqueza da natureza, os rigores da justiça humana ou a mais bárbara crueldade. Ali, com efeito, encontra-se toda espécie de dor, sem que seja mitigada por nenhuma das circunstâncias que poderiam torná-la tolerável, e reunida a indizíveis aflições na subtil aspereza do fogo que a divina justiça acende e atiça. Se a nossa delicadeza nos não permite conservar um dedo no meio das chamas terrestre, o que não deveremos nós fazer para evitar o sermos submergidos nos ardores das do purgatório?

Suplica

Preservai-nos, Senhor, das inexoráveis chamas daquele fogo e não permitais que n elas caiamos jamais; livrai delas as pobres almas que as mereceram, e que sofrem agora tantas aflições e penas. Que a vossa soberana clemência seja o escudo que nos defenda daqueles terríveis castigos; que ela seja para os defuntos um bálsamo de frescor e de salvação que cure todas as suas chagas, faça cessar toda a dor e substitua a tantas angústias a doce felicidade da eterna alegria.

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