sábado, 19 de setembro de 2015

Conselhos para a perfeição, por Santo Antonio Maria Claret, parte II.

    2º Heroicamente Traballhar:
    Não é coisa árdua nem difícil trabalhar quando se vê grande fruto, a paga ou a gratidão que resulta do trabalho.
    Ninguém admira o trabalho do lavrador, porque este trabalho é recompensado com os frutos do campo ou da vinha.
    Porém trabalhar sem nenhuma esperança de utilidade, recompensa ou paga, e, antes ao contrário, não colher do seu grande trabalho outra coisa mais que a ingratidão, e não obstante trabalhar com esmero infatigável e constantemente até terminar a obra, isto requer uma grande heroicidade cristã e é próprio das almas que, ainda vivam no mundo, não buscam nada do mundo; - e que em todos os seus trabalhos não tem outro fim senão submeter-se a vontade de Deus.
    Cristo, Nosso Senhor, é um bom modelo deste modo de obrar com heroicidade: - a pé, andava pelos povoados da Palestina, evangelizando a divina palavra, ensinado aos ignorantes, curando os enfermos sem ter nenhum descanso e sempre ocupado em promover a glória do seu Pai e em procurar a saúde das almas.

    Toda a sua pregação, ou melhor, toda a sua vida não teve outro objetivo senão a glória de Deus e a saúde corporal e espiritual dos homens.
    Por todos estes trabalhos, que prêmios obteve?
    Se lerem os Evangelhos, por eles se verá que em paga dos seus trabalhos teve perseguições, que em troca da sua celestial doutrina recolheu blasfêmias e pelos benefícios que fez recebeu ingratidões, opróbrios e a própria morte infamante, crucificado entre ladrões.
    Mas acaso, desistiu Ele de interceder a favor daquele por quem era tao mal correspondido e tão vilmente tratado? - De modo algum.
    E porque? - Porque não desejava nem esperava cumprir outra coisa, senão cumprir a vontade do seu Pai Celestial.
    Eis ai a única razão de todos os seus trabalhos e padecimentos.
    Justificados esses trabalhos e padecimentos pelo cumprimento exato da vontade de seu Pai Celestial, ficava Ele contente; o mais pouco lhe importava.
    Fixemos um pouco mais a atenção sobre Jesus Cristo, desligado de toda a virtude e perfeição; contemplamo-no perto da cidade de Sichar, no país de Samaria, cansado da caminhada e sentado junto ao poço de Jacob.
    Acercam-se Dele os seus discípulos e suplicam-lhe que se digne tomar o que traziam-lhe.
    "Outra comida tenho, que vós ignorais, lhes disse; minha comida é cumprir a vontade Daquele que me enviou, e, aperfeiçoar a sua obra."
    Esta mesma santíssima vontade e não outra coisa, deve ser a comida e a bebida do que tem fome e sede de justiça; esta mesma vontade deve ser o descanso de quem se fatiga, a paga de quem trabalha e a suprema aspiração em todas as coisas daquele que quer trabalhar com heroicidade!

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