sábado, 19 de setembro de 2015

Conselho para a perfeição, por Santo Antonio Maria Claret, parte III.

     3º Heroicamente Padecer:
     É bom e é louvável sofrer as coisas adversas desta vida, sejam quais forem, de maneira que não se manifeste exteriormente nenhuma agitação de ânimo, nem se aflija demasiado os que a sofrem, nem se queixe daqueles que o fazem e nem pretenda vingar-se dos mal-feitores.
    Porém, é melhor padecer os males não só com mansidão interior, mas também sem queixar-se nem murmurar do opressor, sem indignar-se nem turbar-se interiormente.
    É finalmente, melhor, em sumo-grau, sofrer os males não só sem perturbação de ânimo, senão também com alegria e com desejo de padecer mais, para poder assim oferecer estes sofrimentos em sacrifício, ao Senhor, e para poder segui-lo mais de perto com a sua cruz; de sorte que, o que assim padece, padece de tão bom gosto e preferência, que quando concorrem dois casos em que ambos são de igual glória de Deus, porém um traz deleite e outro pena, um é escolhido este de preferência aquele.
    E é este o modo de padecer heroicamente.
    Vê e faze segundo o modelo que te mostrou no monte (Êxodo, XXX, 40) nos disse a cada um de nós o Eterno Pai.
    Com efeito, no Monte Calvário, cravado em uma cruz, está o nosso Redentor, este grande heróis que de tal modo padeceu; que, sendo Rei e Senhor do céu e da terra, não obstante elegeu por companhias inseparáveis a pobreza, o desprezo e as perseguições.
    O desejo de padecer estava tão incendiado Nele que falando de sua paixão com os discípulos lhes dizia:
     "- Com um batismo de sangue tenho de ser batizado. Oh! E como trago o coração comprimido até que o veja realizado!" (Luc. XII, 50)
     Em certa ocasião havendo o Senhor predito claramente tudo o que lhe sucederia em Jerusalém, disse-lhe São Pedro:
    "-Ah Senhor! De nenhum modo; não, não se há de verificar isto em ti!"
    Porém Jesus incendido de um santo zelo o repreendeu dizendo-lhe:
    "-Foge da minha frente, Satanás, porque não tens conhecimento das coisas que são de Deus, mas sim das que são dos homens." (Math. XXI, 22,23)
    E estando Jesus com seus discípulos celebrando a última Páscoa, incendiado de amor lhes disse:
    "-Desejei ardentemente comer este cordeiro pascoal convosco antes da minha paixão. (Luc. XXII, 15)
    Ele próprio subiu ao encontro da sua paixão a cruz, dizendo:
    "-Afim de que conheça o mundo que eu amo o Pai e que cumpri com o que me há de ordenado, mando... Levantai-Vos, vamos daqui." (João XIV, 31)

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