quinta-feira, 3 de novembro de 2016
III Meditação- A pena do sentido
I. O Senhor, diz o profeta, escolheu para ministro da sua justiça o fogo que devora o abismo das iniquidades, bem como as imperfeições dos justos. O fogo, acrescenta o apóstolo, experimenta as obras de todos; consome as que são más, purifica as boas, e os que são salvos, salvam-se como que através do fogo. Destas graves autoridades concluem-se principalmente que uma das penas do purgatório é a do sentido, produzida pelo fogo. E' opinião comum dos latinos, à qual se unem também a maior parte das dos gregos, pois que em uma e outra igreja se reza para que aquelas santas almas sejam livres dos ardores das chamas purificadoras. Juntemos o nosso espírito ao da Igreja, e, colocando-nos como clarão, como quando foi do vasto incêndio do campo de Israel, entre Deus e os nossos queridos defuntos, peçamos ao Senhor que os livre o mais cedo possível do fogo que os devora.
Il. O fogo do purgatório, como o ensina a doutrina, não é ideal e metafórico, mas real e material, porém é incomparavelmente mais ativo e mais penetrante que o fogo deste mundo, pois este não é mais que uma sombra, uma pintura, uma imagem de fogo, em comparação com o incêndio que arde no abismo. As chamas lançadas pelos Macabeus às torres dos Beanitas, e que as reduziram a cinzas em poucas horas ; a fornalha elevada por ordem de Nabucodonosor a um calor sete vezes maior que o ordinário ; o incêndio de Pentápole, que em poucos instantes devorou aquela vasta província, descrevem-nos apenas as mais pálidas faiscas daquele fogo vingador. Quem poderá, pois, suportar os ardores ele tão ardentes chamas?
III. Não só estas chamas são ardentes, mas ainda são sábias e justas, segundo a expressão dos Santos Padres ; porque se tornam mais penetrantes e atrozes, onde a malicia foi mais intensa e resoluta ; nada deixam sem punição. Severas executoras da divina justiça, tratam a cada um na medida dos seus merecimentos, e as faculdades, que, mais que as outras, foram empenhadas na culpa, com mais vigor ressentem os seus vingadores assaltos. O homem no meio das distrações do mundo não pensa em nada disto ; mas vêde, cristãos, o que é um pecado de mais ou de menos : é um tormento de mais ou de menos, isto é, um purgatório menos duro ou mais rigoroso.
SÚPLICA
Grande Deus ! quantos purgatórios não merecemos nós, pelas inumeráveis faltas que cometemos ! E quantos purgatórios sofrem, sem dúvida, as almas de muitos defuntos ! Ah! Senhor, tende piedade delas e de nos : e nós, perdoando- nos os nossos pecados nesta vida, para que não tenhamos de passar na outra por tão rigorosas contas ; delas, moderando as chamas daquele fogo tão ardente infle as devora. Deixai derramar-se a vossa misericórdia sobre os vivos e sobre os mortos, afim de que uns e outros bendigam eternamente o vosso nome.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário