“Deus quando formou o coração do homem, plasmou-o na bondade”,
estas palavras do genial Bossuet se aplicam a todos nós, principalmente
à mulher, a quem Deus enriqueceu com tesouros de bondade e delicadezas
tais, que a torna apta para suavizar as horas amargas da vida.
Á vista da desgraça alheia, não
se comove o coração da mulher muito mais depressa que o do homem? Não
chora a moça e a mulher de vezes antes, sobre o infortúnio alheio? Não
estendem com mais prazer sua mão benfazeja para suavizar a necessidade
alheia? Em regra não resolvem dez moças consagrar-se, como irmãs de
caridade, às obras de misericórdia cristã, antes que só rapaz queira
prestar-se a tal sacrifício?
Este traço de bondade e benevolência, com que Deus marcou coração feminino, deves, jovem cristã, procurar conservá-lo e avivá-lo sempre mais. Não te é apenas um adorno: também se lhe anexa um grande poder, muito salutar e benfazejo a outrem.
O conhecido escritor inglês Faber, assim se exprime sobre o poder da benevolência:
Este traço de bondade e benevolência, com que Deus marcou coração feminino, deves, jovem cristã, procurar conservá-lo e avivá-lo sempre mais. Não te é apenas um adorno: também se lhe anexa um grande poder, muito salutar e benfazejo a outrem.
O conhecido escritor inglês Faber, assim se exprime sobre o poder da benevolência:
“Vejo
uma multidão de pequenos entes, com as faces veladas, quem em união com
a graça e com os anjos executam as suas obras. Esvoaçam por toda a
parte. Consolam os tristes, tranqüilizam os aflitos, acalmam os
enfermos, acendem nos olhos dos moribundos um raio de esperança, mitigam
as dores dos corações aflitos e desviam os homens do pecado. Parecem
dotados de força surpreendente: conseguem o que os anjos não podem;
insinuam-se nos corações, a cujas portas se lhes abrem, voam de novo
estes pequenos mensageiros do Pai do Céu, para levar a graça. Estes
pequenos, mas poderosos entes, são os atos de bondade, que da manhã à
noite se acham ao serviço do bom Deus”.
Servindo-se de uma comparação
tirada da vida dos animais, certo escritor francês procura expor o
benefício influxo da benevolência, fazendo-nos ver como os próprios
animais não são insensíveis ao toque da bondade.
É a história de um pobre cãozinho, que corre apressado ao longo do muro e se esconde quanto pode. As crianças perseguem-no. Os trausentes o repelem a ponta-pés. É um cão do campo, cujo dono o expulsou. Magro, faminto, imundo, passa as noites ao relento nos portões, de orelha em pé, receoso de ser enxotado impiedosamente. Ninguém lhe dá um olhar carinhoso, e até os outros cães o assaltam com desprezo, por não serem tão magros quanto ele. Passa um homem; o pobre animal adivinha nele um salvador e se lhe arroja aos pés, implorando alguma coisa com um olhar de amargura e tristeza.
É a história de um pobre cãozinho, que corre apressado ao longo do muro e se esconde quanto pode. As crianças perseguem-no. Os trausentes o repelem a ponta-pés. É um cão do campo, cujo dono o expulsou. Magro, faminto, imundo, passa as noites ao relento nos portões, de orelha em pé, receoso de ser enxotado impiedosamente. Ninguém lhe dá um olhar carinhoso, e até os outros cães o assaltam com desprezo, por não serem tão magros quanto ele. Passa um homem; o pobre animal adivinha nele um salvador e se lhe arroja aos pés, implorando alguma coisa com um olhar de amargura e tristeza.
O homem acaricia o cãozinho,
toma-o consigo e o restaura novamente. Pouco tempo depois o animal
adquire uma aparência tão bela, e altiva, que todos o apreciam e já
ninguém o maltrata. Se tivesse permanecido faminto e desgraçado, a
raiva, a loucura, se teriam apoderado dele. Como foi objeto de amor e
assistência, mostrou-se tão fiel e agradecido, e recuperou aquela
aparência bonita que os mesmos cães que antes o mordiam com desprezo,
agora o olham com inveja. Assim acontece também entre os homens: a
bondade torna-os felizes e a felicidade comunica-lhes beleza e
dignidade.
1º- Sê, portanto jovem cristã, benévola e caridosa nos pensamentos, com relação ao teu próximo.
“A caridade não suspeita mal”, diz o apóstolo dos gentios. Não concede nenhum pensamento injusto, nenhuma desconfiança infundada, nenhuma prevenção. Dificilmente acredita no mal que vê; desculpa de bom grado a intenção quando não pode desculpar a ação.
Se possuíres caridade, muito mais facilmente e com maior prazer, dirigirás os teus pensamentos e a tua atenção interna, antes para as qualidades do teu próximo do que para as suas faltas. De fato, toda pessoa a par das imperfeições e defeitos, possui também boas qualidades. É o que te será fácil reconhecer e levar em consideração, sem julgar com muita severidade as faltas alheias nem demasiado te ocupar com elas.
“A caridade não suspeita mal”, diz o apóstolo dos gentios. Não concede nenhum pensamento injusto, nenhuma desconfiança infundada, nenhuma prevenção. Dificilmente acredita no mal que vê; desculpa de bom grado a intenção quando não pode desculpar a ação.
Se possuíres caridade, muito mais facilmente e com maior prazer, dirigirás os teus pensamentos e a tua atenção interna, antes para as qualidades do teu próximo do que para as suas faltas. De fato, toda pessoa a par das imperfeições e defeitos, possui também boas qualidades. É o que te será fácil reconhecer e levar em consideração, sem julgar com muita severidade as faltas alheias nem demasiado te ocupar com elas.
Sê como a abelha delicada que
pousa sobre as flores e delas suga o doce néctar, evitando feri-se nos
espinhos. Disse um grande educador: “quem
nutrir amiúde pensamentos benévolos a respeito do próximo, instigado
por motivos sobrenaturais, não estará muito longe de se tornar santo”.
Numerosos
cristãos, mesmo assíduos à prece, á recepção dos Sacramentos nem por
isto se tornam santos, por não resistirem com bastante energia a
pensamentos menos caritativos que se lhes revolvem no interior, e
proferirem acerca das demais sentenças duras e inclementes.
E quantas penas severas não atrairemos sobre nós, o Purgatório, por causa desta insensibilidade! Com todas estas asperezas ser-nos-á impossível entrar no céu, e fruir da visão de Deus, que é o próprio Amor. Nem a morte as removerá do nosso coração; só restará que sejam aniquiladas em nossas almas, pelas chamas do Purgatório. E, se estas asperezas e insensibilidades forem muito graves, deveremos, então, temer que o seu peso nos arraste ainda mais a baixo, àquela tremenda profundeza, onde não reina mais nenhum amor, e da qual ninguém se poderá evadir.
2º- Sê ainda benévola e caridosa no falar.
Primeiro, no trato com teu próximo. Tem sério cuidado em falar , sempre com tranqüilidade e mansidão com as pessoas das tuas relações, que, destarte ganharás domínio sobre elas. É belo o provérbio alemão, que assim reza: “uma boa palavra encontra um bom eco”. – ein gutes Wort findet einem guten Ort.
Muitas amizades nobres e devotadas, que nada poderá desligar, tiveram o seu começo em palavras amáveis, saídas de um bom coração. Quantas desconfianças e preconceitos, nutridos por longo tempo contra uma pessoa, não cessam de todo, porque num encontro aparentemente fortuito com ela, se ouve de seus lábios palavras afáveis e cordiais! É como bálsamo sobre o coração; tudo se torna claro e pacífico, toda prevenção desaparece e renasce o entusiasmo. E, no entanto, foram apenas umas poucas palavras, que momentos depois o vento dissipou: mas a doçura e suavidade com que foram pronunciadas, tiveram a virtude de afastar do coração a camada de gelo e convertê-lo completamente.
Antes de tudo, guarda-te daquela nervosa irritabilidade tão comum, em nossos tempos, que se procura desculpar, com tamanha facilidade, e que ocasiona tantas amarguras, dá aso a palavras ásperas e severas observações.
E quantas penas severas não atrairemos sobre nós, o Purgatório, por causa desta insensibilidade! Com todas estas asperezas ser-nos-á impossível entrar no céu, e fruir da visão de Deus, que é o próprio Amor. Nem a morte as removerá do nosso coração; só restará que sejam aniquiladas em nossas almas, pelas chamas do Purgatório. E, se estas asperezas e insensibilidades forem muito graves, deveremos, então, temer que o seu peso nos arraste ainda mais a baixo, àquela tremenda profundeza, onde não reina mais nenhum amor, e da qual ninguém se poderá evadir.
2º- Sê ainda benévola e caridosa no falar.
Primeiro, no trato com teu próximo. Tem sério cuidado em falar , sempre com tranqüilidade e mansidão com as pessoas das tuas relações, que, destarte ganharás domínio sobre elas. É belo o provérbio alemão, que assim reza: “uma boa palavra encontra um bom eco”. – ein gutes Wort findet einem guten Ort.
Muitas amizades nobres e devotadas, que nada poderá desligar, tiveram o seu começo em palavras amáveis, saídas de um bom coração. Quantas desconfianças e preconceitos, nutridos por longo tempo contra uma pessoa, não cessam de todo, porque num encontro aparentemente fortuito com ela, se ouve de seus lábios palavras afáveis e cordiais! É como bálsamo sobre o coração; tudo se torna claro e pacífico, toda prevenção desaparece e renasce o entusiasmo. E, no entanto, foram apenas umas poucas palavras, que momentos depois o vento dissipou: mas a doçura e suavidade com que foram pronunciadas, tiveram a virtude de afastar do coração a camada de gelo e convertê-lo completamente.
Antes de tudo, guarda-te daquela nervosa irritabilidade tão comum, em nossos tempos, que se procura desculpar, com tamanha facilidade, e que ocasiona tantas amarguras, dá aso a palavras ásperas e severas observações.
Aprende a dominar-te,
até mesmo quando pensas que possuis nervos delicados e fracos, e permite
somente palavras que alegrem e edifiquem.
Deves também ser benévola quando te revelam faltas do teu próximo. É muito importante chamar atenção sobre este ponto. Que de males não causa quem discorre, com tanto prazer, sobre as faltas e defeitos dos outros! Quantos ódios e desavenças, rixas e altercações e ciúmes produz! Quanta confusão e desordem cria! Com muita razão, diz a Sagrada Escritura; “Aguçam as línguas viperinas; têm veneno de áspides debaixo de seus lábios” (Sl. 139,4).
Com muito rigor e severidade, fala São Bernardo a esse respeito, não obstante, o seu cognome de melífluo:
Deves também ser benévola quando te revelam faltas do teu próximo. É muito importante chamar atenção sobre este ponto. Que de males não causa quem discorre, com tanto prazer, sobre as faltas e defeitos dos outros! Quantos ódios e desavenças, rixas e altercações e ciúmes produz! Quanta confusão e desordem cria! Com muita razão, diz a Sagrada Escritura; “Aguçam as línguas viperinas; têm veneno de áspides debaixo de seus lábios” (Sl. 139,4).
Com muito rigor e severidade, fala São Bernardo a esse respeito, não obstante, o seu cognome de melífluo:
“Não
é porventura a língua a cobra mais cruel? Sem dúvida, com seu hálito
ela envenena mortalmente. Não é a língua uma lança pontiaguda? Sem
dúvida, a mais pontiaguda de todas, porque de um só golpe fere três
homens, ao mesmo tempo; aquele a quem desonra, aquele que ouve, e aquele
que fala”.
Eis
porque não deves falar sobre as faltas do teu próximo, a não ser que o
exija um motivo importante, e mesmo, neste caso, sem excitação
apaixonada e só o necessário. Se outras pessoas em tua presença
conduzem a conversa para tais assuntos, sem necessidade, esforça-te por
dar à palestra outra direção, ou defende a honra do próximo com palavras
pacíficas e brandas, chama a atenção dos que assim falam para a
injustiça e crueldade de tais maledicências.
Deste modo desempenharás o pacífico dos anjos, suavizarás a hora da tua morte e merecerás sentença benigna no tribunal divino.
Jovem
cristã, sê benévola para com os outros em todo o teu proceder, fecunda
em obras de misericórdia, sobretudo se puderes dispor de tempo e folgas e
dissipações, em prazeres e divertimentos. Tudo isto tornar-te-á
fútil e superficial; roubar-te-á a energia da vontade, de que
necessitas, a fim de poderes dominar as tuas más inclinações, criará
em ti um sentimento mundano, que a seu tempo dissipará o espírito
cristão e fará com que tenhas por estranhos Deus e Sua santíssima
vontade.
Não percorras o caminho da vida
fria, insensível e inconsideradamente. Reflete, muitas vezes, na bondade
de Deus para contigo, e confronta a tua situação com a daqueles que têm
de suportar um destino duro e cruel.
Teus pais desdobraram-se para
proporcionar-te educação esmerada e não pouparam esforços para dar-te
instrução suficiente, a fim de que enfrentes o porvir com ânimo sereno.
Outros há que, muito cedo,
perderam os pais, pobres órfãos, não encontraram ninguém que se
interessasse pela sua educação e subsistência.
Não poderias economizar alguma
coisa nos teus vestidos e recreações, a fim de contribuir, com um óbolo
para a educação de tais órfãos desamparados? Trajas roupas finas com
apuro e bom gosto, alimentas-te diariamente em mesa farta, dormes em
leito macio, habitas uma casa que no inverno é agradavelmente aquecida, e
onde nada falta para a tua comodidade.
Muitos há que não conhecem tais
coisas por experiência; tantas casas onde o pai, cuidadoso sustentáculo
do lar, demasiado cedo desapareceu da vida ou jaz enfermo desde há
muito, pelo que a pobre mãe se vê obrigada a dedicar-se a duro trabalho
para sustentar os queridos filhos; e todavia, a despeito das suas
canseiras, apenas lhe é possível saciar-lhes a fome com mesquinha
alimentação e provê-los de roupa suficiente.
Não poderias, nas horas disponíveis, confeccionar para essas crianças enregeladas um agasalho quente?
O Divino Salvador, sem dúvida,
haveria de recompensar-te largamente, como fez outrora a São Martinho, o
qual, sendo soldado, numa noite de inverno cedeu a um mendigo que
tiritava de frio a metade do seu manto.
Gozas, talvez, de saúde
exuberante e sentes como o sangue circula rápido e vivo em tuas veias;
no entanto, quantos doentes jazem longo tempo em seu pobre leito de
dores, sem dinheiro para chamar um médico, e sem alimento que lhes possa
fortalecer e restituir as energias consumidas pela doença.
Dize-me, não poderias passar
pelo tugúrio destes pobres, a fim de fazeres algo por eles e alegrá-los
com algum caridoso auxílio? Oh! tem certeza de que entrarias no quarto,
ou melhor, no coração destes doentes, como o sol brilhante e benéfico;
sentirias com isto maior alegria interna e delícias mais intensas das
que gozas num baile aparatoso ou num passeio divertido.
Sim, a benevolência fazem-nos semelhantes a Deus, granjeiam-nos seus favores e destilam em nosso coração descanso e paz.
Luís XVI e sua esposa Maria
Antonieta passeavam certa vez ás sombras da floresta pitoresca de
Versalhes. Encontraram-se com uma jovem que trazia um prato com uma só
colher de estanho.
- "Que trazes tu, aí?" interrogou a Princesa.
-"Alteza, a sopa para meu pai e para minha mãe, que trabalham lá em baixo, no campo".
- "Com que foi preparada?"
- "Com água e raízes".
- "Sem carne?"
- "Ah! senhora, nós nos sentimos felizes e contentes, quando temos apenas pão".
- "Leva, então, esta moeda de ouro a teu pai, para que vos provenha de alimentos mais substanciosos".
Cheia de alegria retirou-se a jovem, e Maria Antonieta seguiu-a com os olhos.
Viu, pouco depois, que a pobre gente se punha de joelhos no meio do campo.
- "Vês? meu querido, - exclamou a Princesa - estão rezando por nós. Oh! Deus, quanto é doce fazer o bem!"
Nunca te esqueças pois destas palavras da Sagrada Escritura:
"Não
se afastem de ti a misericórdia e a verdade; põe-nas ao redor do teu
pescoço, e grave-as sobre as tábuas do teu coração, que assim
encontrarás graça e boa opinião perante Deus e perante os homens". (Prov., 3,3-4).
Reflete amiúdo também sobre as palavras de São João Crisóstomo:
"Diante
de Deus, mais vale ser misericordioso do que ressuscitar mortos, pois é
obra melhor alimentar a Cristo faminto, do que em Seu nome ressuscitar
mortos".
(Donzela cristã, Pe. Matias de Bremscheid)
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