1º Heroicamente orar:
Orar quando abundam as doçuras e consolos celestiais, pouco custa e pouco vale; porém, quando a imaginação está violentamente perturbada por fantasmas ou impertinentes representações; quando a razão se acha envolta em mil tenebras e obscuridades; quando a vontade se sente abatida, o coração mais seco que o bronze e a alma enfastiada de tudo o que é bom; enfim, quando se acha esta alma abandonada, oprimida de angústia e agitada de tentações tal como uma corrente d'água que se precipita em borbotões, ai é que é preciso orar fervorosamente e perseverar constantemente na oração!
Isto é sem dúvida de grande virtude e virtude heroica e é do próprio daquelas almas que Deus predispõe, com estas duras provações para um grão insigne de perfeição; almas que não tem outro alimento, outro consolo, nem outra quietude ou descanso se não - a vontade de Deus.
Esta alma deve ter sempre a vista o exemplo do Salvador, que constante e heroicamente orava.
Deve contemplá-lo orando no Horto das Oliveiras; sem consolo algum, cheio de amargura, temor e tristeza.
E, com que reverência tão profunda, com que fervor, com que constância Ele ora!...
Aumentam-se-lhe as ansiedades, o temor e a tristeza, e sem embargo persiste na oração.
Seu coração está oprimido de angústias; o sangue de suas veias se destilam por todos os poros do seu corpo; Ele cai em agonia e não obstante faz muito mais longamente as suas orações, prolixius orabat. (Luc. XXII, 43.)
Sabe que não será ouvido; não importa, Ele persevera na oração, entregando-se todo a divina vontade. Contempla, pois, a alma do Filho Amado, prostrado em terra como ora ao seu Pai Celestial e aprende com Ele a orar heroicamente!
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