"Um prodígio semelhante, mas ainda mais espantoso, foi
observado no convento de Nápoles por frei Domingos de
Caserta, sacristão, homem de uma grande devoção, de grande
dedicação na ação e cuja virtude era reconhecida de todos,
que aliás teve outras visões admiráveis.
Este frade tinha, com efeito, notado que frei Tomás deixava
sempre o seu lugar de estudo antes das matinas, para descer à
igreja e que, para não ser visto dos outros, se apressava a
retornar ao seu quarto quanto tocava o sinal das matinas.
Tomado de curiosidade, decidiu um dia observá-lo.
Ele entrou
por detrás na capela de S. Nicolau, onde se demorou,
mergulhado nas suas orações, e vi-o elevar-se nos ares, a dois
côvados do chão.
Enquanto estava a olhá-lo, cheio de
admiração, ouviu de repente, do lugar para onde o doutor se
tinha virado para rezar com lágrimas, uma voz emanando do
crucifixo que dizia: “Tomás, tu escreveste bem sobre mim. Que
receberás tu de mim como recompensa pelo teu trabalho?”
(Thoma, bene scripsisti de me, quam recipies a me pro tuo labore
mercedem?).
Ele respondeu: “Nada, senão Vós, Senhor!”
(Domine, non nisi te!).
«Os noviços são sempre noviços. Tinham-lhe dado a alcunha
de “o boi mudo da Sicília”. (...) Pregavam-lhe partidas, brincando
com a sua calma imperturbável e a sua confiança imediata. Só
uma vez ele respondeu. Tinham gritado à sua janela: “Frei Tomás
! Frei Tomás ! Venha ver depressa ... um boi a voar !”.
Obedientemente, ele veio à janela, para ser recebido à
gargalhada. “Acreditou! Acreditou! Palerma! Palerma!”. E Tomás
disse imperturbável: “Prefiro acreditar que um boi pode voar do
que um Dominicano possa mentir”. E o riso acabou.» (de Wohl p.
199).
Trecho do Livro: Episódios da vida de Santo Tomas de Aquino.
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