domingo, 19 de novembro de 2017

19 de Novembro dia de Santa Isabel da Hungria, O matrimônio e o Luxo no Vestir-se.

Imagem relacionada

A caridade para com os pobres, doentes e a simplicidade de vida marcaram profundamente a história de Santa Isabel.
  Depois de uma vida conjugal marcada pela alegria, fidelidade e união, o marido Luís veio a falecer vitima da peste, ela tinha apenas 20 anos quando ficou viúva e com a morte do esposo ela passou a sofrer terrivelmente nas mãos dos parentes do falecido.
  Ela é representada na arte litúrgica como uma mulher carregando pães ou rosas no seu manto ou usando uma coroa de princesa ou dando comida a um pedinte, pois, certa vez, ela estava levando comida para um doente pobre e Luís mandou que ela parasse e olhou debaixo do seu manto, mas em vez de comida ele só encontrou rosas. Este teria sido o seu primeiro milagre.
Resultado de imagem para Casamento de Santa Isabel da Hungria

O matrimônio 

Luís deixava à sua jovem esposa não só toda a liberdade na prática de suas devoções e obras de misericórdia, mas animava-a até e auxiliava-a. Apenas procurava retê-la, com toda a amabilidade, quando lhe parecia passar os limites. Todos os dias, Isabel erguia-se do leito, às primeiras horas da madrugada, e ajoelhava-se para meditar e render graças ao divino Redentor por se haver dignado nascer à meia-noite, sofrendo o frio e a miséria, a fim de remir o genero humano. Muitas vezes, o marido acordava e, receando que, em vista de sua constituição fraca, não pudesse entregar-se sem perigo a tais penitências, aconselhava-a que se poupasse e não prejudicasse a saúde; no fundo dalma, porém, considerava-se feliz por ter uma mulher tão piedosa e santa. Amavam-se extremamente, os dois esposos e achavam tanta felicidade em estarem juntos e tão poderoso era o atrativo que os unia, tão íntima a aliança de suas almas que, nem por um momento, podiam suportar a separação. Nas viagens não muito longas Isabel acompanhava Luís a cavalo, embora houvesse de percorrer caminhos ásperos e perigosos, de galgar alturas e arrostar tempestades. Nem as geadas nem a neve ou chuva nem o excessivo calor nem as estradas inundadas e intransitáveis lhe embargavam então o passo. E, havendo o conde, em virtude de seus deveres de soberano, de fazer jornadas longínquas, de sair dos seus Estados, sem poder levar a esposa, esta cobria-se de luto, à maneira das viúvas. Todo o tempo da ausência do marido aproveitava-o para viver recolhida e servir a Deus completamente retirada do bulício do mundo, não aparecendo revestida e adornada como lhe exigia o estado de princesa senão no dia em que regressava o esposo. Há também na vida dos mundanos grande amor e estima, principalmente nos primeiros tempos depois do casamento, porém, enquanto o marido tenciona proporcionar à mulher toda a espécie de prazeres e divertimentos, e esta, com o maior cuidado e mesmo ansiosamente, procura agradar ao esposo e aumentar-lhe o bem-estar, ambos, muitíssimas vezes, descuidam-se, ou inteiramente ou em parte, da salvação da alma de um e de outro. Há até mulheres que sofrem ao ver esfriar um pouco o amor do marido para com elas, ao passo que não ligam importância alguma ao fato dele não possuir nem uma faïscazinha de amor divino. Do outro lado, não são raros os homens que resmungam e mostram-se mal satisfeitos, porque a mulher frequenta a igreja e confessa-se repetidas vezes. O sacramento, que é o matrimónio, não exerce poder sobre semelhantes esposos; seu amor é e fica sendo deste mundo e não outra coisa senão um instinto natural, febrilmente excitado. Nos cristãos verdadeiros, porém, o sacramento santifica e enobrece o amor recíproco, de sorte que, de inclinação natural, transforma-se em amor sobrenatural e sagrado em Deus. É o que se dava no nosso jovem par. Isabel, ataviando-se para receber o marido, não o fazia com o único fim de agradar-lhe . Motivo superior e mais sublime a impelia. "Ponho os adornos, dizia ela. às suas camaristas, não por vaidade e galanteio; Deus me é testemunha; mas somente pelo amor cristão, a fim de não causar a meu "irmão" descontentamento ou mesmo ocasião de pecar. Há de amar somente a mim, por isso lhe devo agradar." Pela mesma razão tratava-o sempre duma forma que se lhe tornava facílimo dedicar à esposa um amor sincero e fiel. A mesa conservava-se assentada ao lado do marido, o que já então era contrário ao uso observado pelas senhoras da alta sociedade. Com isto, não somente satisfazia o seu desejo de estar sempre junto dele, como também punha um freio às conversações livres dos jovens cavalheiros. Com efeito, nada era tão próprio para impor comedimento aos espíritos mundanos como a vista de tantas virtudes em duas criaturas tão jovens. itavam-se a louvar e servir a Deus; desejavam viver na terra de modo que pudessem, na eternidade, morar juntos na casa comum de Deus. 

Enganosa é a graça, e vaidade a formosura; a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada. (Prov. 31, 30.) 

Luxo no vestir 

Não está no poder do homem mudar a figura corporal que recebeu da natureza, mas pode transformar a aparência externa, vestindo-se à vontade. Há, entretanto, muitas pessoas pobres que não têm que escolher neste sentido: vestem o que possuem; mas, nas pessoas abastadas o modo de vestir-se é, muitas vezes, exactamente o espelho do interior, porque vestem-se como querem. Isabel trajava à moda das princesas daquela época; com certeza não achava nisso nada de ilícito, não tendo outra intenção senão agradar ao esposo e evitar particularidades e esquisitices. Um dia de grande festa, desceu, segundo o costume, a Eisenach, vestida com todo o luxo, coberta de jóias, cingindo-lhe a cabeça o diadema ducal. Acompanhavam-na a sogra e numerosa comitiva. Dirigiram-se todos a uma das igrejas da cidade. Todas as vezes que entrava na casa de Deus, costumava lançar logo os olhos sobre a imagem do Senhor Crucificado; foi o que fez também nesta ocasião. E, como o Espírito de Deus sopra onde e quando quer, reparando no crucifixo e vendo o Salvador coroado de espinhos e com as mãos e os pés encravados, sentiu-se, como outrora na infância, traspassada de compunção e, entrando em si, disse consigo: "Eis aí o teu Deus suspenso na cruz, e tu, criatura inútil, adornada de preciosidades ! Sua cabeça está coroada de espinhos e a tua cinge uma coroa de ouro !" E, no mesmo instante, vencida da dor intensa que experimentava, desfaleceu e caiu por terra. Os assistentes, assustados, ergueram-na e levaram-na para a porta da igreja a fim de dar-lhe ar fresco e lhe aspergiram água benta sobre o rosto. Voltou ela logo a si; mas, a partir desse momento, tomou a resolução de renunciar a todo e qualquer adorno, fora do caso em que o exigissem as obrigações do seu estado ou a vontade de seu esposo. Encontra-se, nos depoimentos de suas damas, a descrição de muitos objetos que faziam então parte do trajo de uma princesa, os quais ela depôs para sempre; por exemplo, os mantos e véus de cores vivas, as mangas estreitas e cheias de pregas, as fitas de seda para os cabelos, enfim os vestidos muito compridos e de cauda. Quando se via na necessidade de aparecer nos trajos de cerimónia, trazia sempre, sob a púrpura e o ouro, um vestido simples de lã e o cilício que nunca abandonava. Em geral só compreendemos a gravidade de um erro cometido depois de havermo-nos reconciliado com Deus, assim como reparamos no perigo em que estávamos, quando nos sabemos salvos e fora dele. Ao mesmo tempo, sentimo-nos impelidos a prevenir o próximo para lhe poupar igual prejuízo . Desde que Isabel, pelo amor de Jesus Cristo, não trajava senão com simplicidade e modéstia, recomendava às damas nobres que a vinham visitar que renunciassem ao luxo no vestir, não atraindo mais sobre si os olhos dos curiosos por meio de vestuários pomposos e bizarros. A jovem duquesa tomou tanto a peito esta questão, que mandava às senhoras de seu conhecimento até moldes de vestidos que lhes julgava serem apropriados, a fim de que vissem não ser impossível trajarem com modéstia cristã, apesar do alto e altíssimo grau de sociedade que ocupavam. Pessoas e, com especialidade, mulheres, que aos olhos do mundo desejam passar por belas, ricas ou fidalgas, geralmente fazem muito caso de atavios e vestidos. Consequência disso é que muitas se vestem com mais fidalguia e luxo do que lhes compete, em vista de seu estado e posses; sentem-se até infelizes e cheias de inveja, quando não podem acompanhar a moda. É a soberba da vida, o espírito do mundo. Entretanto diz, bem claramente, S. João Evangelista (1. 2, 15.): Se alguém ama o mundo, a caridade do Pai nele não está. Por isso, sem dúvida alguma, há de manifestar-se o desprezo dos enfeites do corpo nas pessoas que amam verdadeiramente ao Pai do Céu. Até que ponto este desdém chegava em nossa Santa, deixava-o ela, às vezes, entrever, brincando embora, mas contudo fazendo compreender os sentimentos de seu coração e uma seriedade profunda. Nos seus desabafos familiares, pois, com as suas servas que também eram suas amigas, envolvia-se, às vezes, num grande e velho manto, cobria a cabeça com um pano grosso e roto e, passeando pela sala como uma pobrezinha, dizia, como que advertida por uma inspiração celeste da sorte que o Senhor lhe reservava : — Assim andarei quando for mendiga pelo amor de Deus. Da mesma forma que uma moça pobre ou uma criada se julga, talvez, feliz ao imaginar o trajo custoso que há de vestir quando se casar com um homem rico, assim para a jovem condessa era um prazer apresentar-se, ao próprio espírito, coberta de farrapos a pedir esmolas, pois era dos pobres de que fala o Evangelho : 
Das mulheres não seja adorno o do exterior, os cabelos frisados, ou os adereços de ouro, ou o preparo e forma dos vestidos; mas aquele que reveste o íntimo do coração humano, com a incorruptibilidaãe de um espírito pacífico e modesto, que é de um grande valor diante de Deus. (l. Pedro, 3, 3-4.)   

Retirado do livro: Santa Isabel da Hungria, Albano Stolz. Transcrição do livro de 1952

Nenhum comentário:

Postar um comentário