O rei Assuero, numa noite em que não podia pegar no sono, mandou ler para si os anais do seu reino. Na quietude noturna, o leitor evocava os feitos do rei insone: as batalhas sanguentas, as vitorias ecoantes de gritos, os movimentos mais palpitantes de alegria, e os momentos dolorosos de perigo, e chegou a uma conspiração.
Um conspiração urdida por dois oficiais no próprio palácio real: fatalmente o rei teria caído sob a lâmina dos conspiradores, se a sagacidade vigilante de primeiro ministro não chegasse a desvendar a trama iníqua em tempo oportuno.
"PÁRA!" exclamou Assuero saltando do leito de ouro... "Quem foi que me salvou ?"
"O primeiro ministro, majestade".
"E que recompensa teve?".
"Até agora nenhuma".
Então ele ordenou que, ao nascer do sol, o primeiro ministro fosse revestido com vestes reais, e cavalgasse o seu cavalo mais belo e passasse pelas ruas de toda cidade, enquanto um arauto gritaria diante dele: - Assim é honrado aquele a quem o rei quer exaltar. - Estas ordens foram executadas: e quem quer que precisava de graça dirigia-se ao primeiro ministro, seguro de ser atendido pelo rei.
Também São José, ó cristãos, salvou a vida do Rei dos céus, - de Jesus Menino, - quando a conspiração de Herodes procurou sufocá-la no sangue, E pensais que para com o seu salvador o Rei do céu seja menos generoso do que o rei Assuero ? Como poderá Deus negar uma graça quando aquele que lhe pede é São José ?
Então se compreende como Santa Tereza podia dizer: "Nunca se ouviu dizer que alguém tenha recorrido à bondade de São José e não tenha sido atendido. Se não me credes, por amor de Deus vos suplico fazerdes a experiência, e me crereis".
Pregando às turbas, Jesus ensinava: "Quem der em meu nome ainda que seja um simples copo de água claro ao ultimo pobre deste mundo, terá grande recompensa ". Que recompensa não terá, pois, no Paraíso São José, que , não deu apenas um copo de água ao ultimo pobre, mas por trinta anos sustentou e protegeu em sua casa o Filho protetor onipotente e bom, que pode e deseja socorrer-nos em todos os trabalhos da vida.
A vida é um peso, disse São Paulo, e nos o experimentamos todos os dias: peso por causa das dores, peso por causa dos trabalhos, peso por cauda da morte.
a) Recorramos a São José na dor. - Toda a sua vida por acaso ele não a passou em sofrimento? recordai a noite de Natal: no albor do inverno, bateu de porta em porta, e foi forçado a por no presépio dos animais o Filho de Deus. Recordai a sua fuga para longe dos parentes, de sua terra, da oficina, dos seus negócios. Recordai os três dias de afanosa procura, quando ele perdeu Jesus em Jerusalém. Oh! ensine-nos ele também a fazermos a vontade de Deus quando estivermos atribulados; dê-nos a paciência de viver neste vale de lagrimas; conforte-nos.
b) Recorramos a São José no trabalho. - Há algumas vezes em que os negócios vão mal e o ganho nos falta; em que se nos afigura que vamos à ruína, nós e nossa família. Ergamos o olhar para ele: estas angústias ele as experimentou. Quem sabe quantas vezes na oficina de Nazaré ele não terá sentido abatido sob a fadigam e quantas vezes não terá visto os seus modestos negócios tomarem má feição; e talvez tenha chorado com o temor de fazer sofrer duramente a Virgem e o Filho, dos quais tinha a guarda e a responsabilidade. Este santo que, antes de nós, experimentou o que nós sofremos, não nos há de negar nada.
Mas, antes de exigirmos que ele nos escure, precisamos esforçar-nos nas pegadas das suas virtudes. Somos honestos no trabalho como ele era honesto?
c) Recorremos a São José para uma boa morte. - Morrer bem é a coisa mais importante deste mundo. Todavia, não é coisa fácil: os progressos da civilização, automóveis, trens, aviões,navios, tem assinalado um crescente número de mortes imprevistas; a corrupção dos costumes tem assinalado um grande número de mortes impenitentes. É preciso um protetor para uma morte boa: e ele é São José
Realmente, ninguém teve uma morte boa como ele. Quando Jesus já não mais precisou de quem o sustentasse e o criasse, São José sentiu-se mal e entrou em agonia. De uma lado tinha Nossa Senhora que chorava e orava; do outro tinha Jesus que lhe amparava a cabeça languida e lhe sussurrava: "Graças por tudo o que me fizeste; agora morre em paz. Morre no meu ósculo, e desce ao Limbo, onde anunciarás que a hora da redenção é chegada. Poucos anos mais, e passarei por lá para te apanhar e te levar para o Paraíso, que abrirei com minhas mãos que serão transpassadas". São José não respondeu, pois não tinha mais força: apenas esboçou um sorriso e morreu.
Conclusão
"Oh! Possa eu morrer também assim!" suspira cada um de nós, pensando nesse bem-aventurado fim. Esta seria a graça mais bela e maior que São José poderia fazer-nos. Mas a morte do Justo, ó cristão, só a obterá aquele que na vida o houver imitado e invocado.
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