Quando nos acontece cometer alguma falta, é preciso que usemos de mansidão para conosco mesmos; irritar-se contra nós mesmos, após uma falta, não é humildade, mas refinada soberba, como se nós não fôssemos fracas e miseráveis criaturas. Dizia Santa Teresa: "A humildade que inquieta nunca vem de Deus, mas do demônio". Zangar-se contra nós mesmos, após uma falta, é uma falta maior do que a cometida, e trará consigo muitas outras, pois nos fará deixar as práticas de piedade, a oração, a comunhão; e, se as fazemos, serão mal feitas. Dizia São Luís Gonzaga que não se enxerga na água turva e nela pesca o demônio. Uma alma perturbada pouco conhece a Deus e aquilo que deve fazer. É preciso, portanto, quando caímos em alguma falta, voltarmo-nos para Deus com humildade e confiança e, pedindo-lhe perdão, dizer, como Santa Catarina de Gênova:
-- Senhor, estas são as ervas do meu jardim!. Amo-vos de todo o coração e me arrependo de vos ter dado esse desgosto. Não quero mais fazê-lo, dai-me o vosso auxílio.
Dizia São Francisco de Sales: "As mortificações que nos vêm de Deus ou dos homens, por permissão divina, são sempre mais preciosas do que aquelas que são filhas da nossa vontade. Como regra geral, o que tem menos de nossa escolha, é o mais agradável a Deus e proveitoso para a nossa alma". Também Santa Teresa dizia: "Ganhamos mais em um só dia de sofrimento vindo de Deus ou do próximo do que em dez anos de padecimentos que nós mesmos escolhemos".
Alguém já afirmava que vale mais um dia com sofrimentos do que cem anos com todos os outros exercícios espirituais (Ven. Vitória Angelini). O Beato João de Avila dizia: "Vale mais um 'Bendito seja Deus' nos momentos difíceis do que mil ações de graças nos momentos felizes".
Dizia a Beata Ângela de Foligno que se conhecêssemos o valor dos sofrimentos, cada um procuraria roubar dos outros as ocasiões de padecer.
Dizia o Padre Luís da Ponte: "Considere como amargas as coisas doces desta vida e como doces as amargas; assim terá sempre paz".
Dizia Santa Teresa que quando alguém faz algum bem a Deus, o Senhor lhe paga com alguma cruz.
Escreve São João Crisóstomo: Quando o Senhor concede a alguém a graça de sofrer, faz-lhe um bem maior do que se lhe desse o poder de ressuscitar os mortos. Isto porque o homem que faz milagres se torna devedor a Deus, mas no sofrimento Deus se torna devedor ao homem.
Santa Teresa diz que sentiu na sua alma como se Deus lhe falasse: "Fica sabendo que as pessoas mais queridas de meu Pai são as que são mais afligidas com os maiores sofrimentos!"
* A Prática do Amor a Jesus Cristo’, Santo Afonso Maria de Ligório
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