Ego sum pastor bonus — “Eu sou o bom pastor” (Io. 10, 14).
Sumário.
O ofício de bom pastor é guiar as suas ovelhas, apascentá-las e
defendê-las contra os lobos devoradores. Depois de ter cumprido este
tríplice dever durante toda a sua vida terrestre, Jesus continua a
cumpri-lo no Santíssimo Sacramento do Altar. Aí Ele nos guia pelos
exemplos, defende-nos contra os inimigos espirituais, e alimenta-nos com
o seu corpo imaculado. Se quisermos progredir na vida espiritual, nunca
percamos de vista o nosso amante Pastor, visitemo-Lo freqüentemente, e
lembremo-nos que, se ficarmos perto d’Ele, receberemos os seus mais
especiais favores.
I. O
ofício do bom pastor é guiar as suas ovelhas, apascentá-las e
defendê-las contra os lobos devoradores. Depois de ter cumprido este
tríplice dever durante toda a sua vida terrestre, Jesus Cristo continua a
cumpri-lo ainda no Santíssimo Sacramento do Altar. — Em primeiro lugar,
lá, de dentro do tabernáculo, Ele nos guia pelos seus exemplos
de humildade profunda e de paciência perfeita no meio dos muitos
ultrajes que recebe; de grande resignação e de obediência pronta a cada
aceno dos sacerdotes; e sobretudo de ardente caridade e zelo extremo
pela glória de Deus e salvação das almas.
Jesus não só nos guia, mas nos defende
também contra os lobos, isto é, contra os três inimigos formidáveis de
nossa salvação eterna, subministrando-nos armas poderosas, para
sustentarmos o combate contra as tentações malignas do demônio, contra
as máximas perversas do mundo e contra os apetites desregrados da carne
corrompida. — Muitas vezes apaga até o ardor das paixões que nos
consomem. Pelo que dizia São Bernardo: “Se alguém dentre vós não
experimenta mais tão freqüentes nem tão violentos movimentos de ira, de
inveja, de luxúria, agradeça-o ao Santíssimo Sacramento, que produziu
efeito tão salutar.”
Finalmente, na santíssima Eucaristia Jesus Cristo nos apascenta
com o seu corpo imaculado. “Qual o pastor”, pergunta São Crisóstomo,
“que apascenta suas ovelhas com seu próprio sangue? As próprias mães dão
muitas vezes seus filhos a amas que os nutram. Mas Jesus no Santíssimo
Sacramento alimenta-nos com o seu próprio sangue e nos une a si”. — “Ó
céus!” exclama o Santo, “nós nos unimos a Jesus e nos tornamos um só
corpo e uma só carne com esse Senhor no qual os anjos não se atrevem a
fitar os olhos: Huic nos unimur, et facti sumus unum corpus et una caro.” Oh, que Pastor verdadeiramente admirável é Jesus na Santíssima Eucaristia!
II. Toma
por regra comungares ao menos de oito em oito dias, com o firme
propósito de nunca o deixares por qualquer negócio terreno. Além da
santa missa, faze, enquanto possível, cada dia uma visita a Jesus
sacramentado fazendo então uma comunhão espiritual. “Cuida”, diz Santa
Teresa, “de não te separares de Jesus, e de nunca perderes de vista teu
muito amado Pastor, porque as ovelhas que ficam perto de seu Pastor são
sempre as mais acariciadas e favorecidas, e nunca Ele deixa de lhe dar
algum pedaço escolhido do que Ele próprio come.”
Ó meu
Redentor sacramentado, eis-me aqui perto de Vós: o único sinal de
ternura que Vos rogo é o fervor e a perseverança no vosso amor. Graças
vos dou, ó santa fé: Vós é que me ensinais com certeza que no divino
Sacramento do Altar, neste Pão celeste, não há mais pão, que meu Senhor
Jesus Cristo está aí todo inteiro e aí mora por meu amor. Meu Senhor e
meu Tudo, creio que estais presente no Santíssimo Sacramento; e ainda
que Vos não veja com os olhos da carne, Vos reconheço com a luz da fé,
na hóstia consagrada, por Soberano do céu e da terra e Salvador do
mundo.
Ah,
dulcíssimo Jesus! Assim como sois minha esperança, minha salvação, minha
força, minha consolação, quero que sejais também todo o meu amor, o
único objeto de todos os meus pensamentos, de todos os meus desejos, de
todos os meus afetos. Alegro-me com a suprema felicidade de que gozais e
gozareis eternamente, mais do que com todos os bens que eu pudesse
jamais ter no tempo e na eternidade. O meu supremo contentamento é saber
que sois plenamente feliz e que a vossa felicidade é eterna.
Reinai,
pois, Senhor, reinai absolutamente na minha alma; eu Vô-la dou inteira;
possui-a para sempre. Só à vossa vontade e glória sirva tudo o que em
mim existe: vontade, sentidos, potenciais. — Tal foi a vossa vida, ó
primeira Amante e Mãe de meu Jesus, Maria Santíssima; ajudai-me e
obtende-me a graça de viver doravante, como vós sempre vivestes, toda
feliz por serdes de Jesus sem reserva. (*I 380.)
Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III – Santo Afonso
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