domingo, 30 de outubro de 2016

A BOA SENHORA TINHA MEDO


Aquele trem, que estava para partir, tinha de passar à beira de perigosos alcantis. Uma senhora, que se achava entre os passageiros, dirigindo-se ao chefe do trem, perguntou-lhe se não haveria perigo de tombar a composição.
— Não há, minha senhora, porque há freio em todas as rodas.
— Mas, se o freio nega? — perguntou ela aflita.
— Nesse caso, damos contravapor e isso impede a queda no despenhadeiro.
A senhora não se conformava com as explicações do ferroviário e, preocupada, exclamou:
— Mas, se a locomotiva mesma sofresse um desarranjo, que seria de nós?
— Minha senhora — replicou o condutor — a isso não posso responder, pois depende da vida que a senhora tem levado.
Aquele ferroviário respondeu bem. Em qualquer circunstância, em que a morte nos surpreenda, a nossa sorte depende tão somente de como temos vivido. Talis vita, finis ita!

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