“Por
duas razões não se deve manter relações com os hereges. Primeiramente,
por causa da excomunhão, pois, sendo excomungados, não se deve ter
relações com eles, da mesma maneira que com os outros excomungados. A
segunda razão é a heresia. – Em primeiro lugar, por causa do perigo,
para que as relações com eles não venham a corromper os outros, segundo
aquilo da primeira epístola aos Coríntios (15, 33): ‘As más conversações
corrompem os costumes’. E em segundo lugar para que não pareça se
prestar algum assentimento às suas doutrinas perversas. Daí dizer-se na
segunda epístola canônica de S. João (v. 10): ‘Se alguém vier a vós e
não trouxer esta doutrina, não o recebais em vossa casa, nem o saudeis,
pois o que o saúda toma parte em suas más obras’. E aqui a Glosa
comenta: ‘Já que para isso foi instituída, a palavra demonstra comunhão
com esse tal: de outro modo não seria senão simulação, que não deve
existir entre cristãos’. Em terceiro e último lugar, para que nossa
familiaridade [com eles] não dê aos outros ocasião de errar. Por isso,
outra Glosa comenta a respeito dessa passagem da Escritura: ‘E se acaso
vós mesmos não vos deixais enganar, outros todavia, vendo vossa
familiaridade [com os hereges], podem enganar-se, acreditando que esses
tais vos são agradáveis, e assim crer neles. E uma terceira Glosa
acrescenta: ‘Os Apóstolos e seus discípulos usavam de tanta cautela em
matéria religiosa, que não sofriam sequer a troca de palavras com os que
se haviam afastado da verdade’. Entende-se, porém: excetuado o caso de
alguém que trata com outro a respeito da salvação, com intuito de
salvá-lo”.
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