Dominus Deus consolabitur in servis suis – “O Senhor Deus será consolado em seus servos” (2 Mc 7, 6)
Sumário. A causa única da aflição do Coração de
Jesus é a perdição das almas que o ultrajam em vez de o amar: por
conseguinte, a consolação que Ele requer, é que procuremos ganhar-Lhe as
almas. Esforcemo-nos, pois, por consolar este Coração amabilíssimo; e
se mais não pudermos fazer, roguemos-Lhe que envie à sua Igreja
ministros zelosos. Roguemos-Lhe muitas vezes pelos pobres pecadores, em
particular pelos que estão em agonia e têm de morrer hoje. Ensinemos tão
salutar devoção também aos outros.
I. Feliz o cristão que, compadecendo-se das penas de
Jesus, procura também aliviá-las. A causa única das aflições deste
Coração amabilíssimo é a ingratidão dos homens e a perdição das almas
que o ultrajam em vez de O amar; por conseguinte, a consolação que Ele
requer, é que procuremos ganhar-Lhe as almas. É a perdição delas que Lhe
arrancou tantas lágrimas; é para resgatá-las, que deu seu sangue.
Aquele que salva uma alma, enxuga de alguma sorte as lágrimas de Jesus e
impede que seu sangue seja derramado em pura perda.
Nem se diga que isso é o ofício somente dos sacerdotes; porquanto quem fala assim prova que bem pouco amor tem a Deus. Si Deum amatis, rapite omnes ad amorem Dei.
Se amas a Deus, dizia Santo Agostinho, atraí todos ao amor de Deus. E
Jesus mesmo, aparecendo à Venerável Soror Serafina Capri, lhe disse: “Ajuda-me, por tuas orações, a salvar as almas, ó minha filha.”
– Persuadamo-nos de que todos os discípulos do Coração de Jesus devem
zelar pela sua honra, e os que não o fazem deverão um dia, como dizia
Santa Maria Madalena de Pazzi, dar conta a Deus de tantas almas, que
talvez não se houvessem condenado, se as tivessem recomendado a Deus em
suas orações.
Portanto, na oração mental, na ação de graças depois da comunhão, na
visita ao Santíssimo Sacramento, não deixemos nunca de recomendar a Deus
os pobres pecadores, os infiéis, os hereges e todos os que vivem longe
de Deus. Oh! Quantas almas devem sua conversão menos aos sermões dos
pregadores do que às orações das almas fervorosas! – Considerando que
pelos sacerdotes vem ao povo a salvação ou a perdição, a bênção ou a
maldição, roguemos ao mesmo tempo e com insistência a Deus, que envie à
sua Igreja ministros santos que, com verdadeiro zelo, atendam à salvação
das almas.
II. O zelo pela salvação do próximo deve também
estimular-nos a abraçar a devoção ao Coração agonizante de Jesus. Ela
tem por objeto, primeiro honrar o Sagrado Coração, que durante toda a
sua vida sofreu grandes penas interiores pela salvação das almas; em
segundo lugar, obter pelos merecimentos daquela longa agonia, uma boa
morte para tantos milhares de pessoas que todos os dias morrem no mundo
inteiro.
Ai! Quantas dentre elas não se acham em pecado mortal! Para não
descerem ao inferno, precisam tão somente de uma confissão bem feita ou
de um ato de contrição perfeita. Pede, pois, ao Coração agonizante de
Jesus que lhes conceda uma destas duas graças, e pede-a sem demora, cada
dia, porque amanhã será talvez tarde e não o poderás mais fazer a
tempo. – se com esta prática salutar conseguires cada dia a salvação de
uma só alma, no fim do ano já terás salvado 365 almas e em dez anos
3650. Que belo apostolado! Que coroa de glória para a eternidade!
Não te contentes de praticar tão bela devoção só por ti; mas
espalha-a em tua família, na tua comunidade, entre teus amigos. Com isso
consolarás grandemente o Coração aflito de Jesus, atrairás sobre ti as
suas bênçãos especialíssimas e virá o dia em que também se rezará por
ti, quando tiveres entrado em agonia. Oh, que consolo nesses últimos,
terríveis e decisivos combates!
“Ó clementíssimo Jesus, que ardeis em tão abrasado amor das almas, suplico-Vos, pela agonia do vosso sacramentíssimo Coração, e pelas dores da vossa Mãe Imaculada, purificai em vosso sangue todos os pecadores da terra que estão em agonia e hoje mesmo devem morrer. Assim seja. Coração agonizante de Jesus, tende compaixão dos moribundos.” (1)
Referências:
(1) Indul. de 100 dias cada vez; plenária (nas condições ordinárias),
uma vez por mês, para os que, durante um mês rezarem esta oração ao
menos três vezes por dia, em diferentes intervalos.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e
Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de
Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia,
1922, p. 53-56)
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