27/09/2015 - Décimo oitavo domingo depois de pentecostes - A cura do paralítico e a causa das tribulações.
Confide, fili: remittuntur tibi peccata tua - Filho, tem confiança, perdoados te são os pecados. (Math. 9,2)
Quando alguém ofende a Deus, provoca toda as criaturas a castigarem-no, e especialmente aqueles de que abusa para ofender o Criador. Sucede então o mesmo, diz Santo Anselmo, que quando um escravo se revolta contra o seu senhor: excita a indignação não só de seu senhor, como também de toda a família. - Deus, porém, sendo um Senhor de infinita misericórdia, contém as criaturas afim de que não castiguem o réu; mas quando vê que este não faz caso das ameaças, serve-se delas então para se desafrontar. De modo que, de ordinário, a causa de todas as tribulações e especialmente das enfermidades corporais, são os pecados: Qui delinquit, incidet in manus medici - Aquele que peca, virá a cair nas mãos do médico.
Esta verdade nos é revelada com bastante clareza no fato do Evangelho de hoje. Um paralítico pediu a Jesus Cristo a saúde, e Jesus, antes de o curar corporalmente, curou-lhe a alma dizendo: Filho, tem confiança, perdoados te são os pecados. Porque é que Jesus procedeu assim? Responde Santo Tomas: "Porque o Senhor, como bom médico, quis primeiro arrancar a causa da enfermidade, que eram os pecados, e depois tirar a própria enfermidade, que era efeito deles. - É este também o motivo porque o Senhor, depois de curar aquele outro enfermo na piscina de Bethsaida, o qual estivera doente trinta e oito o anos, o exortou a não pecar mais, afim de que não lhe acontecesse coisa pior: Ne deterius tibi aliquid contingat.
Escuta, pois, meu irmão, o belo conselho que te dá o Espírito Santo, para quando tu também estiveres oprimido pelas tribulações: "Filho, em tua enfermidade (e o mesmo se diga de qualquer outra tribulação) faze a oração ao Senhor e Ele te curará. Aparta-te do pecado, endireita as tuas ações, purifica o teu coração de todo o delito... E depois dá lugar ao médico."
A narração evangélica mostra-nos também um belo exemplo de caridade, digno de ser imitado. O paralítico, deitado no seu leito, não se apresentou por si mesmo ao Senhor; mas foi apresentado por outros com bastante incômodo. Porque, segundo observa São Marcos, como não pudessem entrar pela porta do teto, e, fazendo uma abertura, arrearam o leito em que o paralítico jazia até perto de Jesus. E o Redentor sentiu-se impelido a cura-lo, não tanto pela compaixão com o enfermo, como pela fé dos que o tinham trazido: videus Jesus fidem illorum - vendo-lhes a fé.
Eis o que nós também devemos fazer; empreguemos todos os meios para reconduzir Jesus as almas enfermas dos pecadores, afim de que sejam curadas; e se não estiver a nosso alcance fazer mais, demos-lhes ao menos bom exemplo e roguemos por eles. - Desta maneira praticaremos um belo ato de caridade, não somente para com o próximo, como também para conosco; porquanto, na expressão de Santo Agostinho, neste mundo o Senhor castiga muitas vezes os bons com os maus, porque se descuidam de impedir e corrigir os pecados dos outros.
Ó meu Jesus, saúde dos enfermos, conforto dos que sofrem, tende piedade de mim! Renovai, suplico-Vos, os prodígios que outrora fizestes a favor de Israel, e pela vossa onipotência, livra-me de todas as enfermidades, de todas as tribulações que com justiça me afligem em castigo das ofensas que Vos tenho feito. Se Vós, porém, ó meu Senhor, dispondes de outras formas, eu Vo-las ofereço como sacrifício, em união e agradecimento daquele que por mim fizestes sobre a cruz, para desconto de meus pecados e para a conversão de pecadores. Dignai-Vos de as aceitar, e como recompensa, infundi em meu coração a virtude da paciência, e "conduzi-o sempre pela ação de vossa misericórdia; porque sem Vós a Vós não podemos agradar." + Doce Coração de Maria, sede a minha salvação.
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