"Senhor Deus, amado meu!
para não fazeres o que ando pedindo faz neles,
Deus meu, a Tua vontade,
pois é o que eu mais quero,
e exerce neles a Tua bondade e misericórdia
e serás neles conhecido;
e, se esperas por obras minhas,
para, por meio delas, me concederes o que Te rogo,
dá-mas Tu, e opera-as Tu por mim,
assim como as penas que quiseres aceitar e faça-se.
Mas se pelas minhas obras não esperas,
porque esperas, Clementíssimo Senhor Meu?
Porque tardas?
Porque, se, enfim, há-de ser graça e misericórdia
o que em Teu filho Te peço,
toma os meus parcos haveres pois os queres,
e dá-me este bem, pois que Tu também o queres.
Quem se poderá libertar dos modos e termos baixos
se não o levantas Tu a Ti em pureza de amor,
Deus meu?
Como se elevará a Ti o homem gerado e criado em baixezas,
se Tu o não levantares, Senhor, com a mão com que o fizeste?
Não me tirarás, Deus meu,
o que uma vez me deste em Teu único Filho Jesus Cristo,
em quem me deste tudo quanto quero;
por isso folgarei pois não tardarás,
se eu confiar.
Com que dilações esperas,
se desde já podes amar a Deus em teu coração?
O céu é meu e minha a terra;
minhas são as gentes,
os justos são meus e meus os pecadores,
os anjos são meus e a Mãe de Deus,
e todas as coisas são minhas;
e o próprio Deus é meu e para mim,
porque Cristo é meu e todo para mim.
Que pedes pois e buscas, alma minha?
Tudo isto é teu e tudo para ti.
Não te rebaixes,
nem atentes nas migalhas caídas da mesa de teu Pai;
sai de ti e gloria-te da tua glória;
esconde-te nela e goza, e alcançarás o que pede o teu coração."
S. João da Cruz in As mais belas páginas de S. João da Cruz p. 176,177
S. João da Cruz in As mais belas páginas de S. João da Cruz p. 176,177
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