segunda-feira, 13 de julho de 2015

Meditação - A Paixão de Cristo, nossa consolação, por Santo Afonso de Ligório

"Recogitate eum qui talem sustinuit a peccatoribus adversum semetipsum contradictionem, ut ne fatigemini, animis vestris deficients - Não dexeis de pensar naquele que dos pecadores suportoru contra si uma tal contradição; para que não vos fatigueis, desfalecendo em vossos ânimos." (Hebr. 12,3)
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   Neste vale de lágrimas, quem nos pode consolar melhor do que Jesus crucificado? Nos remorsos de consciência, suscitados pela lembrança dos nossos pecados, que poderá melhor suavizar as nossas angústias, do que a certeza de que Jesus Cristo se quis entregar a morte,a fim de satisfazer pelas nossas culpas? Dedit semetipsum pro peccatis nostris - Jesus, deu a si mesmo pelos nossos pecados. Em todas as perseguições, calúnias, desprezos, privações de bens e dignidades, que nos sobreveem a nossa vida, quem nos poderá melhor fortalecer, para sofrermos com paciência e resignação, do que Jesus Cristo desprezado, caluniado e pobre, que morre numa cruz nu e abandonado por todos?
   Quando estamos doentes, deitamo-nos numa cama bem arranjada, quando, porém, Jesus estava enfermo na cruz na qual morreu, não teve outro leito senão um rude lenho, em que foi pregado com três cravos; nem teve outro travesseiro senão a coroa de espinhos, que continuou a atormentá-lo até o último suspiro. Quando estamos doentes, vemos o leito rodeado de parentes e amigos, que se compadecem de nós, e que nos procuram distrair; Jesus morreu cercado de inimigos, que ainda na hora da sua agonia e da morte já próxima o injuriavam e escarneciam como a um mal feitor e sedutor.
   Nada consola tanto um enfermo nas dores que sofre, especialmente quando na sua enfermidade se vê abandoado por todos os mais, como a vista de Jesus crucificado. Ah! O alívio maior que então pode experimentar um pobre enfermo, é unir os próprios sofrimentos aos de Jesus Cristo. - Ainda nas angústias mais severas da morte, tais como os assaltos do inferno, a vista dos pecados cometidos e as contas que em breve se terá que dar ao Juiz divino, a única consolação que pode haver a um moribundo, já na beira da morta, é abraçar o Crucifixo e dizer: Meu Jesus e meu Redentor, Vós sois o meu amor e a minha esperança.
   Toda a verdadeira consolação que podemos desejar, todas as graças que Deus nos concede, todas as luzes, inspirações, santos desejos, bons afetos, dor dos pecados, bons propósitos, amor de Deus. esperança do céu: todos estes bens são frutos e dons que nos veem da Paixão de Jesus Cristo. Pelo que São Boaventura nos anima dizendo que "Aquele que se aplica a meditar com devoção a vida e paixão santíssima do Senhor, acha ali tudo de que precisa; e nada terá que buscar fora de Jesus". E Santo Agostinho acrescenta que para obtermos as graças celestes especiais vale mais uma só lágrima derramada em memória da Paixão do Senhor, do que uma peregrinação a Jerusalém e um ano de jejum a pão e água.
   Mas quem mais animo nos inspira, é nosso divino Redentor: Venite ad me omnes, qui laboratis er onerati estis; et ego reficiam vos - Vinde a mim todos os que vos achais em sofrimentos e sobrecarregados; e eu vos aliviarei. Meus queridos filhos, diz Jesus, vos que gemeis sob o peso das culpas próprias e sois combatidos pela concupiscencia e corrupção do homem velho, ah! Não percais ânimo. Chegai-vos a minha cruz, recorrei a mim e eu vos livrarei de todo o mal; persuadi-vos de que em nenhuma parte achareis remédio tão eficaz, como na meditação das minhas chagas.
   Ó meu Jesus, que esperança que poderia restar, a mim, que tantas vezes Vos voltei as costas e mereci o inferno? Que esperança poderia ainda nutrir, de um dia, entre tantas virgens inocentes, entre tantos santos martires, entre os apóstolos e serafins, ir gozar no céu de vossa bela face, se Vós, meu Salvador, não tivesseis morrido por mim? É a vossa Paixão que, apesar dos meus pecados, me faz esperar de um dia ir na comphania dos Santos e de vossa santíssima Mãe, cantar as vossas misericórdias, agradecer-Vos e amar-Vos para sempre no paraíso. Meu Jesus, assim espero. Misericordias Domini in aeternum cantabo - Eu cantarei eternamente as misericórdias do Senhor.
- Ó Maria, Mãe de Deus, rogai a Jesus por mim.
 

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